Cyro, meu tio-avô, sobre o Antônio dos Anjos, seu pai,
meu bisavô, trisavô de meus filhos, tetravô de meus netos,
tataravô dos bisnetos..
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Coronel Antônio dos Anjos
de Cyro dos Anjos
(Sob a inspiração de um poema
de Carlos Drummond de Andrade)
Coronel Antônio dos Anjos,
lustre e ufania da Guarda Nacional de Montes Claros,
professor, lojista e fazendeiro,
vossos quatorze filhos
agora somam onze.
Nieta, a de mão hábil,
ao morrer ainda pintava casinhas da roça e milharais embonecando.
Zezé, mano boníssimo,
que professava o espiritismo
e nos arranjou aquela briga com o Sr. Bispo
abriu pelas próprias mãos a porta do Mistério.
Depois partiu Pedro,
o de bela cabeça, claro engenho,
filho doutor em que púnheis tantas esperanças.
Os demais continuam firmes,
a pequena que nasceu paralítica chegou aos cinquenta e seis anos,
e dispõe-se ainda a durar na cadeira de rodas.
Contudo, o caçula dos homens com quem gostavas de conversar no caminho da fazenda
quase foi embora,
teve um pé na Eternidade.
Mais ano menos ano
segundo a lei da carne
estaremos, Coronel, convosco,
a ouvir vossos pitos e brabezas.
E depois nos queixaremos à Mãe Lolota, a mansa,
que dirá: "Sosseguem, rapazes,
Antoninho é nervoso, isso não tem importância".
Onde estás,
industrioso como és,
deves ter arranjado outra loja, outra fazenda.
(Um amigo meu é fazendeiro do ar
e não se tem dado mal no ramo.)
De qualquer modo,
Coronel,
nos arrumaremos no azul
e quando nos chamardes,
responderemos: "Presente!"
como na aula de Mestra Eponina.
(Que estas maltraçadas linhas cheguem às vossas mãos por intermédio do oficioso Santo Antônio.)
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