Luiz Fernando Sarmento
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
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quinta-feira, 14 de novembro de 2024
176 como publicar um livro
Como publicar um livro
quase passo a passo
Do que aprendi e me lembro, para publicar um livro,
algumas tarefas devem ser realizadas.
Simplificando, salvo engano, seriam:
1. escrever os textos
2. escolher as imagens
3. diagramar
4. imprimir
5. lançar, divulgar, fazer chegar às mãos dos leitores
6. observações
Cada uma destas tarefas
podem ser divididas em pequenas tarefas:
1. escrever os textos
1.1. No caso de um livro com vários autores, relacionar quem poderia escrever, convidar cada um, já aventando temas, prazos, tamanho desejável – em laudas.
1.2. Definir quem centralizaria o recebimento dos textos, sua leitura crítica, revisão, diálogo com cada autor – especialmente no caso de alguma alteração do texto original.
1.3. No caso de serem vários os revisores – um quase, digamos, “conselho editorial” (quando algumas pessoas resolvem realizar, juntas, um livro) – o centralizador deverá distribuir os textos originais e dialogar com cada um dos revisores. E, assim, definir o texto final relativo a cada escritor, inclusive o título de cada texto. Depois disto, reitero, mostrar o texto final e dialogar com cada escritor, esclarecer, chegar a um consenso.
1.4. Como precaução, talvez solicitar a cada escritor uma autorização escrita para publicar.
1.5. Uma vez definidos os textos finais, ordená-los: o conteúdo definitivo pronto.
1.6. Definir o título do livro.
1.7. Escrever uma apresentação, como uma introdução.
1.8. Escrever as orelhas do livro.
2. escolher as imagens
2.1. Definir quem cuidará de se responsabilizar pelas imagens selecionadas.
2.2. Selecionar imagens possíveis para ilustrar o livro.
2.3. Digitalizar as imagens selecionadas.
2.4. Enviar imagens selecionadas para quem responsável por centralizá-las.
3. diagramar
3.1. Pesquisar possíveis editoras.
3.2. Se possível em consenso com o “conselho editorial”, a editora deverá cuidar da diagramação. Inclusive escolhas de formato, capa, tiragem, ISBN (A Biblioteca Nacional é a Agência Brasileira do ISBN, responsável por atribuir o número de identificação aos livros editados no país), CIP ( A catalogação na fonte, também conhecida como Ficha catalográfica ou CIP)…
3.3. Como produto final, a editora entrega o livro diagramado pronto para impressão.
3.4. Levantar os custos e prazos relativos a estes serviços prestados pela editora.
3.5. Definir quem arcará com os custos desta fase.
3.6. Definir quem cuidará da relação com a editora.
4. imprimir
4.1. Pesquisar gráficas possíveis: qualidade, quantidade, preço, prazo. E remessa.
4.2. Definir gráfica. Combinar tiragem, remessa de prova impressa para aprovação, remessa e entrega do total de volumes impressos.
4.3. Definir quem arcará com os custos desta fase.
5. lançar, fazer chegar às mãos dos leitores
5.1. Prever destinos dos livros impressos.
5.2. Pesquisar locais para o lançamento ou lançamentos.
5.3. Definir locais.
5.4. Pesquisar e definir se bebidas, comidas, performances nos lançamentos.
5.5. Convidar para o lançamento, inclusive escritores e seus convidados. E, além dos membros da família, parentes, amigos, colegas de trabalho, membros de grupos dos quais os autores fazem parte...
5.6. Divulgar, junto à imprensa e à internet, o ou os lançamentos.
5.7. Distribuir livros restantes.
6. Observações
Mas, pensando bem,
nenhuma preocupação talvez seja necessária.
Simplesmente podemos resumir a feitura de um livro a escrever, publicar, distribuir. Dará um certo trabalho, como qualquer realização. E também alguma alegria, o que nos mobiliza.
Confesso, já não tenho a energia que tive para outras realizações. Prova disto, acabei de juntar muitos dos textos que escrevi nos últimos anos… e, me parece, tenho um livro novo nas minhas mãos. Agora, sei, é dar o próximo passo, diagramá-lo. Sinto, quando vier uma faísca de animação, darei mais um passo.
Confesso
mais. Não sei como vender livros. Pior, tenho me recusado aprender.
Talvez precise de eventuais parceiros, já que tenho dificuldades com
relações eternamente duradouras.
Agora, desconfio, um livro virtual talvez seja mais simples. E bem mais barato.
Luiz Fernando Sarmento
terça-feira, 12 de novembro de 2024
01 fora de ordem
01
Na tentativa de tornar mais simples minha vida, aprendo: quanto menos tenho, mais leve me sinto.
fora de ordem
Aqui os tempos se misturam tanto quanto os assuntos. Fim e meio não sabem onde começam. Sorte de quem escolhe o que lê. E salta o que não lhe importa.
Tudo um tanto confuso,
não sei direito quem sou, que faço. Só sinto, só penso. A novidade é que aqui e agora estou estruturado, como desejei e produzi. Filhos cuidados, casa com cada coisa em seu lugar, despesas básicas de todo dia supridas – comida, condomínio, telefone, gás, luz, net-internet. Posso acordar e, em cada momento, escolher o que fazer da vida.
Os desejos vão, vêm, se transformam. As variáveis que interferem nos meus desejos são inúmeras, inesperadas, fora do meu controle. O que é agora pode ser diferente depois. Quase como rotina, cuido de mim; alongo ao acordar, cozinho, lavo, mantenho o básico. Cada dia tem sido outro.
De duas em duas semanas, um casal arruma o apartamento. Outros amigos e colegas copiam vídeos que realizei só ou em parcerias, incluem na internet, compõem programas alternativos de tv. Participo de encontros de interesse comum, ajo reativo ao processo de cada parceiro, despreocupado de tempos. Em relação ao bem-estar meu e do mundo, procuro distinguir o que está ao meu alcance.
Dentro de mim, cada vez mais tranquilo. Isto ontem, hoje de outro jeito, amanhã não sei. Quero agora escrever, fora de ordem. Princípio, meio, fim se misturam. E, dependentes de minha memória, se perdem ou nem se completam. Imagino – e proponho agora – cada leitor, se houver, cuide editar o que leia. Escolho o mais próximo do que sinto síntese. Vez ou outra me repito, como que esquecido, como pra recordar. Detalhes, aprofundamentos, talvez mais adiante.
Compartilho
o que, inda que verde, me faz bem e imagino possa fazer a outro. Se edito a prosa, encontro o verso. Se edito o verso, o hai-kai? Se edito o hai-kai, o silêncio. Nem tudo se resume a isto. Confesso, não sei direito o que é hai-kai.
Em pleno vôo, a aeromoça orienta. Quando as máscaras caírem, primeiro cuide de você, depois dos outros, mesmo crianças. Analogia imediata, cuidarei melhor do outro, se antes cuido de mim. Como você pode cuidar de mim, se não cuida de você? A pergunta que fiz a um amigo, tenho feito ao espelho: como posso cuidar do outro, se não cuido de mim?
Tento inventar, descobrir, construir jeitos de relacionar-me que me supram. Aprendo que não posso dizer sim a algo que não está em mim.
Facilita minha vida quando separo a loucura do outro da minha loucura. Se a mim não me permito, a outros inibo. E vice-versa. Quando não beijo, por exemplo, muitas vezes não suporto outros se beijarem. Muitos “não!” que me chegam, são “loucuras” de outros.
Como Cacilda Becker, não tenho tido tempo pra lutar contra, só a favor. Como, talvez, Tom Jobim, aprendo que democracia é muito bom, inda mais se a pratico aqui com meus colegas de trabalho. Ou lá em casa, com quem está ao meu alcance. Descubro que meus pensamentos são, um tanto, escolhas minhas. Que gentilezas têm me gerado gentilezas. E quanto mais me conheço, melhor vivo.
Na tentativa de tornar mais simples minha vida, aprendo: quanto menos tenho, mais leve me sinto. Um par de sapatos é suficiente, três me dão mais trabalho que um.
Os objetos é que me têm, não eu que tenho os objetos. Carros dão trabalhão. E plantas, animais: é o cachorro que me levaria a passear, não eu a ele. Não posso deixar a casa sozinha se há plantas pra cuidar. Qualquer coisa que tenho, me dá trabalho. Um bibelô? Tenho que espanar. Se tenho em excesso, trabalho em excesso. Sou assim quase escravo do que tenho.
O subjetivo, também, pauta minha vida. Sinto assim. Os saldos positivos da minha vida estão relacionados aos afetos. Aprendo que um meu capital básico são as relações que cultivo, os afetos que me envolvem. Que sonhar me faz bem: me orienta o que faça. E que há vazios em mim que só eu posso aprender a preencher.
Alguma compaixão me nasce em relação a quem dedica a vida a acumular coisas e sentimentos negativos, em tentativas de preencher vazios que em si mesmo desconhece. Aprendo que melhor aprendo, fazendo. E que melhor ensino, sendo. E eu, que não consigo resolver esta pretensão de que sei um tanto sobre quase tudo?
Como eu,
imagino que uma mãe, um pai, professor, patrão, governante, sacerdote... desejam que um outro seja o que não é. Eventualmente inconscientes, projetam no outro seus próprios desejos. Nuns e noutro, quando cai a ficha – se cai – a consciência se dá, a compreensão se instala, o comportamento tende a mudar. Quando a ficha não cai, permanecem as incompreensões.