sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Desejos e Gestos - parte 01 de 13

Movimentos Relacionados

Há uma criança que vive em mim. Como em outros. Há um lugar na minha memória infantil que poderia ter sido Vila Aliança. Descubro que um quanto de tudo acontece um tanto ao mesmo tempo. Quando lembro A História que Eu Conto surgem lembranças paralelas, de alguma maneira relacionadas aquele espaço e movimento. Como se estivessem repousando na mesma caixa daquele tempo. Pra mim é a vida inesperada como acontece. Parece confuso e é.

Lembranças

Curto minha memória, que hoje vive de livres associações. Minha memória é curta. E filtra um tanto o que porventura me incomode, me angustie. Uma face amiga que não revejo há tempos não é reconhecida claramente pelos meus chips. Os nomes se perdem. Se me comprometo, anoto, agendo no papel, no computador, no celular. Tenho vivido bem assim. O amadurecimento acompanha meu prazer em viver. Paradoxo, a memória afetiva permanece, selecionada nem sei como.

Admiro a inteligência do outro. Pressuponho o leitor – você – como editor, me permito escrever fora de ordem. Certeza mesmo não tenho. Arrisco contar o que me vem. Tudo misturado, nos mesmos tempos. Assim, esta é a história que eu conto.

Em mim como em todos, ou quase, tudo começa em casa. Mamãe professora, eu quarto filho, uma terra com sal, Salinas. O sol das tardes, a feira e os cheiros, feijão, farinha, rapadura. O Vale do Jequitinhonha. Os barros, as botijas, os boizinhos. Requeijão e melado. Boas lembranças, difusas, de uma infância ali. Pra mim não havia pobreza nem riqueza. Os afetos me supriam. Havia os medos. Mas meu mundo era ali, aquele, não mais. E este mundo ficou em mim, mesmo depois que me tornei cidadão de outros mundos.

Estas lembranças facilitam identificações, hoje e talvez sempre, com mundos de algum jeito semelhantes ao meu mundo original. Minha Salinas tem um tanto de Vila Aliança. E o Centro Cultural lembra quem sou.





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