Recordar é viver? 7
Carta
a uma amiga, 31, maio,1966
M,
Num
esforço mental,
A
pasta do arquivo se abre,
E
nesta cabeça nada mais resta.
Nada
acontece de novo
E
a vida que lhe contei viver aqui
Continua
praticamente a mesma.
Há
calouros diferentes, e calouras,
Mas
as cabeças pensam a mesma coisa,
Em
momentos diferentes.
São
os mesmos, num todo.
Meus
óculos quebraram
E
estou como se faltasse um braço,:
Completamente
cego.
Que
um braço a menos dá cegueira
E
bobeira.
Nem
filosofar consigo mais,
Prova
de que não estou vegetando mentalmente:
Trabalho
desde mês passado.
Há
falta de tempo, de tudo,
E
principalmente a falta de mim mesmo,
Em
mim.
Alegrei-me
com o seu telegrama.
Escreva,
Luiz
E
não acredite em nada,
Que
tudo é falta de assunto
Mesmo.
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