sábado, 1 de junho de 2013

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Recordar é viver? 7

Carta a uma amiga, 31, maio,1966

M,

Num esforço mental,
A pasta do arquivo se abre,
E nesta cabeça nada mais resta.

Nada acontece de novo
E a vida que lhe contei viver aqui
Continua praticamente a mesma.

Há calouros diferentes, e calouras,
Mas as cabeças pensam a mesma coisa,
Em momentos diferentes.
São os mesmos, num todo.

Meus óculos quebraram
E estou como se faltasse um braço,:
Completamente cego.

Que um braço a menos dá cegueira
E bobeira.

Nem filosofar consigo mais,
Prova de que não estou vegetando mentalmente:
Trabalho desde mês passado.

Há falta de tempo, de tudo,
E principalmente a falta de mim mesmo,
Em mim.

Alegrei-me com o seu telegrama.
Escreva,
Luiz

E não acredite em nada,
Que tudo é falta de assunto

Mesmo.







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