quarta-feira, 29 de março de 2017

Livre pensar 07 - Rodízio criativo




Livre pensar 07

Rodízio Criativo


Cuidar de quem cuida

Imagine uma instituição de porte médio: empresa, serviço público, ong, oscip.... Em consenso interno, trabalhadores de um setor – considerando o cumprimento do conjunto das suas obrigações normais – liberam um ou mais do grupo, por um ou mais dias, para visitarem-estagiarem em outros setores da instituição.

Esta a ideia básica. Parece ser bom para a instituição que cada trabalhador, além da múltipla capacitação, amplie sua visão de mundo, adquira outros conhecimentos e construa oportunidades pessoais e profissionais. A prática tem ensinado o melhor caminho. Aqui sinais de sucesso.

Retrato 1

Muitas vezes o trabalhador não tem noção da importância do seu trabalho em relação ao conjunto da obra e aos seus resultados. Desconhece desde a missão da instituição até o que se passa em outros setores. Desestimulado, retém em si mesmo iniciativas e possibilidades de soluções sobre o que profundamente conhece. Sente necessidade de conhecer o todo, mas muitas vezes não tem consciência disto. Prevalece o isolamento, a contenção.

Retrato 2

Um setor – o operacional, por exemplo – é responsável por uma série de tarefas, relativas à manutenção física da instituição. As tarefas normalmente são distribuídas entre os trabalhadores que compõem o setor.

Rodízio

É colocado para os trabalhadores do setor que poderão liberar um ou mais deles próprios para um estágio-visita em outros setores da instituição, na medida em que consigam distribuir todas as tarefas de sua responsabilidade entre os que permanecem no seu próprio setor.

Os trabalhadores liberados – por um dia ou uma semana, por exemplo – poderão, dentro da instituição a que pertencem, escolher em que outro ou outros setores estagiarão-visitarão naquele período.

Este estágio-visita, naturalmente, poderá incluir a realização de tarefas específicas, se os estagiários-visitantes desejarem e estiverem capacitados para tal.

Deverão permanecer normais as atividades do setor que o trabalhador estagia-visita.

Prática

Como cooperante, já nos últimos dias da assessoria que prestei ao Instituto Nacional de Cinema de Moçambique – primeiro semestre de 1981 – sugeri o rodízio à direção e trabalhadores.

No correr de abril de 2003 realizamos a experiência com o setor Operacional do Sesc Ramos, no Rio de Janeiro, onde eu exercia a função de gerente-adjunto. Conversamos com os trabalhadores e a ideia foi acolhida. Eles próprios se organizaram e, semanalmente, escolheram dois dentre todos para usufruírem da oportunidade. Nas semanas seguintes, novos dois. Conheceram praticamente todos os outros setores: comunicação, matrícula, esportes, recepção, contabilidade, informática, biblioteca, piscina, recreação infantil...

Muitos relataram, do próprio punho, observações sobre a experiência, gratos e surpresos com as inFormações acessadas e – quando com elas identificadas – com sua própria capacidade de apreendê-las e praticá-las.

Resultados

Observou-se, dos relatos dos estagiários-visitantes, o prazer em serem reconhecidos e em conhecerem outros mundos-caminhos. Relações humanas e profissionais se fortaleceram. Naturalmente, acredito, crescem o bem estar, o interesse, a produtividade, a produção, os lucros sociais e econômicos. Criadas oportunidades, os trabalhadores tendem a se organizar e vivenciar suas próprias experiências.

No conjunto, parece bom para a instituição e para o trabalhador. Já o público usufrui dos atendimentos precisos e das qualidades adicionadas a produtos e serviços.

Luiz Fernando Sarmento









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