Livre pensar 07
Rodízio
Criativo
Cuidar de quem cuida
Imagine uma instituição de porte
médio: empresa, serviço público, ong, oscip.... Em consenso interno,
trabalhadores de um setor – considerando o cumprimento do conjunto das suas
obrigações normais – liberam um ou mais do grupo, por um ou mais dias, para
visitarem-estagiarem em outros setores da instituição.
Esta a ideia básica. Parece ser bom
para a instituição que cada trabalhador, além da múltipla capacitação, amplie
sua visão de mundo, adquira outros conhecimentos e construa oportunidades
pessoais e profissionais. A prática tem ensinado o melhor caminho. Aqui sinais
de sucesso.
Retrato 1
Muitas vezes o trabalhador não tem
noção da importância do seu trabalho em relação ao conjunto da obra e aos seus
resultados. Desconhece desde a missão da instituição até o que se passa em
outros setores. Desestimulado, retém em si mesmo iniciativas e possibilidades
de soluções sobre o que profundamente conhece. Sente necessidade de conhecer o
todo, mas muitas vezes não tem consciência disto. Prevalece o isolamento, a
contenção.
Retrato 2
Um setor – o operacional, por exemplo
– é responsável por uma série de tarefas, relativas à manutenção física da
instituição. As tarefas normalmente são distribuídas entre os trabalhadores que
compõem o setor.
Rodízio
É colocado para os trabalhadores do
setor que poderão liberar um ou mais deles próprios para um estágio-visita em
outros setores da instituição, na medida em que consigam distribuir todas as
tarefas de sua responsabilidade entre os que permanecem no seu próprio setor.
Os trabalhadores liberados – por um
dia ou uma semana, por exemplo – poderão, dentro da instituição a que
pertencem, escolher em que outro ou outros setores estagiarão-visitarão naquele
período.
Este estágio-visita, naturalmente,
poderá incluir a realização de tarefas específicas, se os
estagiários-visitantes desejarem e estiverem capacitados para tal.
Deverão permanecer normais as
atividades do setor que o trabalhador estagia-visita.
Prática
Como cooperante, já nos últimos dias
da assessoria que prestei ao Instituto Nacional de Cinema de Moçambique –
primeiro semestre de 1981 – sugeri o rodízio à direção e trabalhadores.
No correr de abril de 2003 realizamos
a experiência com o setor Operacional do Sesc Ramos, no Rio de Janeiro, onde eu
exercia a função de gerente-adjunto. Conversamos com os trabalhadores e a ideia
foi acolhida. Eles próprios se organizaram e, semanalmente, escolheram dois
dentre todos para usufruírem da oportunidade. Nas semanas seguintes, novos
dois. Conheceram praticamente todos os outros setores: comunicação, matrícula,
esportes, recepção, contabilidade, informática, biblioteca, piscina, recreação
infantil...
Muitos relataram, do próprio punho,
observações sobre a experiência, gratos e surpresos com as inFormações
acessadas e – quando com elas identificadas – com sua própria capacidade de
apreendê-las e praticá-las.
Resultados
Observou-se, dos relatos dos
estagiários-visitantes, o prazer em serem reconhecidos e em conhecerem outros
mundos-caminhos. Relações humanas e profissionais se fortaleceram.
Naturalmente, acredito, crescem o bem estar, o interesse, a produtividade, a
produção, os lucros sociais e econômicos. Criadas oportunidades, os
trabalhadores tendem a se organizar e vivenciar suas próprias experiências.
No conjunto, parece bom para a
instituição e para o trabalhador. Já o público usufrui dos atendimentos
precisos e das qualidades adicionadas a produtos e serviços.
Luiz Fernando Sarmento
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