agências de inFormações
Consciência
É mais fácil eu
compreender meus processos de transformações, quando reconheço e considero o que
vai pelo meu inconsciente. Meus atos falhos me dão sinais. E o que eu
compreendo em mim, talvez melhor compreenda no outro, nos outros.
Reich, Freud, Jung me
ensinam que eu, no correr da vida, adquiro e internalizo defesas. Elas têm a
função de impedir incômodos, especialmente sentimentos. Por outro lado, a construção de relações de
confiança facilita comunicações mais profundas. Assim, antes de entrar
propriamente nos conteúdos, é necessário cuidar de mim, estabelecer
aproximações comigo mesmo. E depois com o outro.
Como no namoro: há o
olhar, a empatia, a delicadeza na aproximação, as identificações comuns, os
sinais, o pegar na mão, a construção da relação. As inFormações
profundas somente chegam ao seu destino quando o destinatário está receptivo. Comunicar
é uma arte.
Agências de inFormações
Retrato rápido:
jornais pendurados nas bancas exibem quase sempre as mesmas notícias, escritas de
forma um pouco diferentes. As fontes de informações, parece, são as mesmas. No
Brasil, umas poucas agências de notícias. Agências O Globo, Folha de São
Paulo...?
Uma jovem conhecida,
na primeira década do século XXI, registrou que manchetes de grandes jornais de
27 cidades europeias exibiam, no mesmo dia, fotos semelhantes sobre o mesmo
assunto. Também lá, poucas agências como fontes de informações. Reuters, UPI,
France Presse, China Press...
Bom problema: como
podemos contribuir para chegar a nós, à população, informações diversificadas e
com qualidade de conteúdo?
É possível a
realização de uma ou mais agências de inFormações independentes. Porém,
estas novas fontes só fazem sentido se os conteúdos das inFormações a
serem oferecidos contribuírem para o bem-estar – individual e coletivo – de quem
as produza e de quem as receba.
De outro lado, observa-se,
tudo potencialmente
conspira a favor: conteúdos, público, veículos, financiadores, apoiadores. Há
conteúdos de qualidade ainda invisíveis para a maioria da população. Há
veículos potencialmente interessados em difundir estas inFormações. Há
públicos potencialmente interessados nestes conteúdos. Há instituições
potencialmente apoiadoras e/ou financiadoras de agências de inFormações
voltadas para o bem-estar coletivo. Há pessoas e instituições animadas,
interessadas em fazer circular estas inFormações. Como integrar estes
conteúdos, veículos, públicos, apoiadores-financiadores, pessoas-instituições animadas?
A ideia é simples
Uma agência,
inicialmente com informações atemporais. Uma pessoa, um espaço, que pode
ser residencial ou institucional. Um computador, telefone, scanner, fax,
internet, softwares que facilitem acessos a veículos de comunicação.
Havia no mercado – há
ainda? – empresas especializadas que oferecem softwares e dados
atualizados sobre veículos de comunicação de todo o Brasil – rádios, jornais,
TV, revistas... Informam seus endereços físicos e virtuais, telefones, emails, nome
de editores de áreas específicas e mais.
Assessorias de
Imprensa utilizam estes serviços, talvez saibam melhor de quem fornece dados e softwares.
Esta pessoa que se
propõe ser um agente de inFormações: contata e articula produtores de in-Formações
atemporais, constrói um baú virtual de textos disponibilizáveis, contata e
articula editores e colunistas de veículos de comunicação em todo o país, oferece
os textos do baú. Assim, trata e se relaciona com um conjunto de veículos que disponibilizam
para seus leitores as informações originais que esta pessoa cuidou de produzir.
Se há interação com
os leitores, novas informações chegam às agências, realimentando o
processo, dinâmico. Vão e vêm inFormações. Esta pessoa: ao
aprender-fazendo, testa e recria-adapta à sua realidade uma metodologia singela
que poderá ser compartilhada com instituições e pessoas ativas, interessadas em
montar suas próprias agências para fomentar a difusão – através de veículos de
comunicação já existentes – de in-Formações específicas atemporais.
Na prática, o que
agências de inFormações poderão oferecer: no mínimo, artigos e
contribuições para pautas de veículos de comunicação já ativos.
Imagine agências
independentes de inFormações focadas em conhecimentos de interesse
público. Inumeráveis. Só de pensar o que me interessa – e, acredito, também a
muitos – sonho de estalo agências voltadas para educação, saúde, agronomia,
alimentação... Ou específicas para pais, para crianças, escolas... E para
psicologia-psiquiatria-psicanálise, para oferta e procura de trabalhos,
esportes, teatro, brincadeiras, voluntariado, solidariedade... Podem ser inFormações
específicas. Ou gerais...
Imagino um mundo com inFormações
variadas, de fontes diversas... que eu tenha prazer em saber e compartilhar com
meus filhos, vizinhos, amigos, com o mundo ao meu alcance.
Vejo os jornais
e me angustio com a
constante escolha do Estado-polícia pela atuação mortal ao invés de utilizar inteligência
e afeto. E me pergunto: que atuações benéficas estão ao meu alcance?
Ao meu alcance está
cuidar de mim e das minhas relações com quem convivo: filhos, amigos, vizinhos,
colegas de trabalho. Escutar um e outro que procuram por escuta, me colocar no
lugar do outro, seja próximo ou passante. Cuidar de mim significa também mudar
para o melhor programa, fugir da fofoca, escolher meus pensamentos. Lembro Wittgenstein,
de quem penso que sei só isto: o pensamento é a linguagem.
Em tempo
Hoje – além de
jornais, revistas, rádios, tvs – outros veículos levam informações à população.
Falo do facebook, youtube, whatsapp e dos novos meios que surgem em novos
momentos.
Importantes, mesmo,
são os conteúdos que chegam até nós, a população. As qualidades dos conteúdos
são sementes das qualidades de comportamentos. Acredito, a diversificação
destes conteúdos – por exemplo, através de agências independentes de
informações – contribuirá para mudanças de comportamento individuais e
coletivos.
Luiz
Fernando Sarmento
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