paz na alma
Meu corpo reclama. Entendo, atendo, me
comporto. Rejuvenesço.
Minha alma clama, paz. Sinto, desejo,
tento, me pacifico. Eternizo.
Cada um, na sua boa vontade, de acordo
com seu desejo e possibilidade. Paz, amor e progresso nos cuidados que cada um
tem consigo. E, assim, com outras, com outros, comigo.
O que me proibo, em outros
critico. Se não me permito, a outros inibo.
O jeito que sou é
minha mensagem.
Quando atento,
amenizo minha impotência com a consciência da minha
potência. Contento, aprendo com o que é. Tudo é novo. Mas só vivo o que percebo
do que sinto.
Entristeço. Logo me lembro. Outro dia
entristeci, soube de artérias entupidas, morte rondando. Falei do que sentia,
me expus, retornaram informações preciosas. Fui lembrado. Eu sou o que como. Mudou
minha alimentação, mudaram as sensações, os sentimentos. Leveza substitui
aquela tristeza.
Pressinto. Minha respiração alimenta a
emoção que sinto.
Nunca vivi antes o que agora vivo. O
caminho certo, incerto. Sabe o amigo?
Muita gente triste como
a gente. Eu, debaixo da tristeza, medo e raiva.
Sinto tristeza e raiva, raspo em mim compaixão e alegria e me pergunto o que fazer, sabendo que não quero guerrear?
Sinto tristeza e raiva, raspo em mim compaixão e alegria e me pergunto o que fazer, sabendo que não quero guerrear?
Enquanto isto, sabendo
também que rico é quem vive contente, volta e meia, me pergunto e escolho.
Como viver, bem, neste
mundo, do jeito que o mundo é?
Sinto, como sempre, tudo
novo.
Sabe, aquilo que sinto como se fosse eu. Mas que é do outro. Reconheço no outro um tanto do que tenho em mim. Sinto, pressinto, o que o outro sente. Solidarizo.
Sucesso, imagino, tem por base
identificações. Eu sinto o que ele sente. Eu me identifico com ele. Sou seu fã,
sou seu eleitor, seu admirador.
E la nave va. Passa o passado, passa o
presente, tudo futuro. Repetições e novidades. Mesmo as novidades, repetições.
A história se repete, semelhante. Tudo novo. E o que é novo, não conheço, tenho
medo.
Mentiras repetidas, repetidas,
repetidas, dão, ao falso, vida. Acredito mais no que me vai ao meu redor do que
me dizem os meios de comunicação. A história muda com o contador.
Descubro, posso escolher um tanto do
que vivo. Vivo o que percebo do que sinto. Atento a meus sentimentos, descubro
suas origens em meus próprios atos. Se ligo a tv, despertam em mim sentimentos
de indignação, raiva, medo, tristeza. Se como o que não devo, sinto o que não
queria-querendo.
Houve uma época em que gente como a
gente andava cabisbaixo, o corpo em depressão, tristemente contido. Depois
desta época, houve outra, de aprendizado de viver em liberdade, todos nós a
aprender a escolher. Nesta terceira época, sai a neurose, entra a psicose. “ Eu
não me importo comigo. E não me importo com o outro. Não me interessa o
outro.”.
Tento viver, bem, neste mundo, do
jeito que ele é. Mesmo eu desejando outro mundo. Construo, este mundo que
desejo, em cada olhar, falar, escutar, cheirar, tocar. Em cada pensamento,
sentimento, construo este mundo que vivo. Sou responsável pelo que sou. Navego
entre o desejo e a possibilidade.
Se bem me faço, e faço mal a ninguém,
e bem a outros, também, que mal que tem?
Lembro de Getúlio. Chumaços de algodão
no nariz, deitado em seu caixão. Vagamente de Café Filho, Nereu Ramos. Lembro
de Juscelino, cinco anos em cinquenta, o aerouilis, o peixe vivo, Brasília.
Lembro de Jânio com sua vassourinha. De Jango, com esperança. Da tristeza do
silêncio, da dúvida, da desconfiança. “Segurança e desenvolvimento”, enquanto o
mundo explodia, “all we need is love”.
Até hoje, não sei direito como
morreram Getúlio, Juscelino, Jango, Castello Branco, Costa e Silva. História mal
contada.
Lembro dos movimentos populares que
antecederam Tancredo. Sarney, Collor. Itamar me surpreendeu, gostei de Itamar.
Fernando Henrique, uma simpatia que se inverteu.
Até hoje, não sei direito como
morreram, Ulisses Guimarães, Tancredo, Eduardo Campos, Teori Zavaski, Marielle
Franco.
Como não sei como morreram tantos
contemporâneos.
Lembro dos movimentos populares que
antecederam Lula. Sem medo de ser feliz, uma maneira de ser pra toda vida. Lula
me alegra, através de quem se alegrou com ele. Gente de cabeça erguida, justa
autoestima, a aprender a viver, minorias como maioria. Tempo de verão, viver é
uma festa. Lula é uma ideia. Lula é eu. Lula é um tanto de mim, eu sou um tanto
de Lula, como, desejo e vejo, uns tantos de nós.
Quando faço algo pela primeira vez,
tropeço, faço errado, mesmo tendo boa intenção, boa vontade. Sinto, o que
importa, mesmo, é a boa vontade. Assim, também, com outras, com outros. Mas, se
a boa vontade impera, tristeza já era. Chato é quando a má vontade, a má
intenção imperam. A alegria já era.
Não sei o que fazer. Eu me sinto
impotente diante do que acontece no mundo. Aqui e lá. Mas tenho me sentido
potente, quando usufruo do meu lado vivo e pratico a alegria de ser. Quando
contente, só por estar, agora já sei, facilito o melhor ao redor.
Luiz Fernando Sarmento
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