Que
sociedade desejo?
1
Somos
todos inteligentes. Uns têm facilidade com matemática, outros com línguas, uns
são generalistas, outros cientistas. Alguns têm inteligência concreta, outros
abstrata. Uns são inteligentes nas emoções, outros são duros, duros.
Inteligência mesmo, sinto, exercito quando utilizo minha sabedoria para
facilitar o estar contente.
2
Uma
fala, já sei, pode ser fora de ordem. Cada um edita, ordena de acordo com suas
prioridades conscientes... ou não.
3
E
se em encontros públicos cada um se apresentasse, eu também, expressando o que
é - ou sente que é - não o que faz? Esta aprendi com Michel Robim.
4
Sonhos,
ideias, reflexões antecedem ações. Caos antecede ordenação. O emocional como
pano de fundo. Atos falhos não falham. Insights abrem outras janelas.
5
Reflexões.
Dou o livro que gosto, não o que o outro deseja. Só dá quem tem. Se não me
permito, a outros inibo.
6
Pra
facilitar minha prática, não me canso de lembrar o dito que penso ser de Tom
Jobim: democracia é muito bom. Lá em casa pratico todo dia.
7
Que
sociedade desejo? Quando converso sobre isto com quem intenciono ser parceiro,
fico impressionado como somos diferentes. Foco no que somos e no que desejamos
em comum.
8
Do
que entendi, eficiência se refere a quando faço bem o que me proponho. Eficácia
é quando há resultados. Efetividade é quando os resultados permanecem,
frutificam.
9
Facilita
uma parceria, quando descobrimos interesses comuns. A imagem que me vem: sabe o
símbolo olímpico, composto por aquelas argolas entrelaçadas? Imagine que parte de
uma argola – que me representa – superpõe parte de outra argola, que representa
você. Esta área que é comum às duas argolas representa o que temos em comum. Já
a parceria acontecerá em função da iniciativa de cada um de nós e do nosso
consenso.
10
Cada
um de nós tem algo a oferecer e procura por algo. Há pessoas que oferecem o que
outros procuram e vice-versa. Questão agora de se encontrarem. Assim se formam
casais, comunidades, sociedades, redes.
11
Quando
chego na hora combinada ao encontro, estou dizendo: eu te respeito, eu me
respeito. Quando chego atrasado, desconfio de mim: será que me sinto
superior ao outro? E, se sim, que complexo de inferioridade escondo neste
aparente sentimento de superioridade?
12
Quando
falo e não escuto, é que não quero ouvir? Neste momento, estou fechado em mim?
Não me interessa o outro?
13
Em
momentos de incertezas, desconfio que a necessidade que sinto de ser solidário
é a contrapartida que ofereço por eu próprio necessitar de solidariedade.
14
Quem
não conhece o que faço, não valoriza o que faço, não me reconhece. E vice-versa,
uma vez que também eu não conheço o que fazem os que se propõem pautar minha
vida e as vidas dos que aqui trabalham. Em crise ética pública, opto por me
orientar pelo meu senso ético e por minha missão original: cuidar de outros
como gosto cuidem de mim.
Pra ler com calma
Viver contente. Tento, aprendo sendo, de repente.
Eu, aqui, no mesmo lugar. A me perder, a me
encontrar.
Controlo o outro
quando o outro não deseja o que desejo.
O
que desejo, no claro procuro. Quase nada vejo. Talvez no escuro.
Atenta mente ao diferente.
Amassos, não mais. Agora
normais, abraços virtuais.
Se satisfeito comigo, olho o mundo, meu espelho. Insatisfeito, amigo, o
mundo espelho, pentelho.
O essencial me supre. O supérfluo me entope.
Luiz
Fernando Sarmento
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