segunda-feira, 29 de abril de 2024

138 de um pouco, um tanto






138


não há como fugir de si…


de um pouco, um tanto



Vivo. Experimento, sinto, percebo, reflito. Aprendo, de novo tento, experimento.


Morro. Nem percebo o que sinto.


*

Talvez simples assim, a liberdade de cada um ser o que é, limitado pela liberdade de todos.


*

O prazer durante. O orgasmo adiado, permanece o desejo. Tantra?


*

Volta e meia me pergunto como viver, bem, neste mundo, do jeito que ele é.

O mundo não é o que desejo. Do meu jeito, adapto-me ao mundo.


*

O mar virou sertão. O sal do mar no sertão, em Salinas, em meu coração, aqui no norte de Minas.


*

O objeto real pode servir pro bem, pode servir pro mal. O avião, por exemplo, voa, tomba. Leva gente, leva bomba.


A ideia, a invenção, pode servir pro bem, pode servir pro mal. A organização, por exemplo. Organização pra viver, organização pra matar.


*

Melhor que urro, sussurro. Gemido ao pé do ouvido.


*

Administro sentimentos, é o que penso. Sentimentos administram meus pensamentos.


*

Conhecimento é poder. Do que não sei, não usufruo.


*

Não vivo inteiro nem isto nem aquilo, se faço uma coisa e penso noutra.


*

Bagunceiro. Uma amiga me ensina. Um lugar onde jogo tudo que, agora, não desejo arrumar.


*

O google confirma o que aprendi e faço. Mas devo confirmar mais fundo. “O carvão vegetal absorve com eficácia os agrotóxicos, adubos químicos, metais pesados, gases e os detergentes dos alimentos. Tem que ser carvão orgânico. Se não for orgânico, coloque sobre a chama do fogo por alguns minutos. Deixe os alimentos imersos por 10 a 15 minutos.”


*

Saúde dá lucro pra quem tem. Doenças dão lucros pra quem lucra com elas.


*

Jornal do Commercio

Quinta-feira, 22 de dezembro de 1836


Vende-se um casal de escravos,

sendo a preta gravida de 8 meses,

que entendem de todas as plantações do paiz;

e huma preta, boa quintadeira e lavadeira,

os quaes se dão por 1.ooo$,

para repartir por uns herdeiros.

Na rua S. José n. 35.


*

dinheiro tem preço

sempre um tanto da vida


*

todo afeto

um sucesso



*

às vezes o diagnóstico

mata mais que a doença


*

no ato falho

a memória mergulha

traz do fundo

o que não lembrei, já sabia


*

que decretos pessoais

posso baixar em minha própria vida

que mudem em mim

minha maneira de ser?


*

como diz o ditado popular,

"quando a boca cala, o corpo fala.

Mas quando a boca fala, o corpo cala, sara".


*

guinada


o soldado que dá o tiro,

ele aperta o gatilho


como os mandados,

os que mandam,

os que fazem fofoca,

aqueles que facilitam

o confronto, o conflito,


são também responsáveis

pelo que o tiro provoca


assim como cada um

que contribui pro drama,


a esmo vaga no mundo,

se sente, sem saber, imundo,

não sente, não vê

o bem-bom que pode ser

sua própria vida, querida


já em instituições que mal fazem,

cada funcionário que contribua

pro mal que a instituição traz

é responsável também,


não há como fugir de si,

cada escolha é própria

de quem cada escolha faz


eu sei, juro, vivo, procuro

no presente o meu futuro


estas feridas cicatrizam

quando guinada se dá:

sai do vício, o viciado


um achado! listo! isto!

em qualquer idade,

abandona fazer dor,

cria oportunidade


não mais gatilhos, tiros:

descobre a simplicidade


escolhe o amor,

ama a si, ama outrem,

se torna amado também


agora outra pessoa, boa,

saravá, namastê, amém



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário