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…não há como fugir de si…
de um pouco, um tanto
Vivo. Experimento, sinto, percebo, reflito. Aprendo, de novo tento, experimento.
Morro. Nem percebo o que sinto.
*
Talvez simples assim, a liberdade de cada um ser o que é, limitado pela liberdade de todos.
*
O prazer durante. O orgasmo adiado, permanece o desejo. Tantra?
*
Volta e meia me pergunto como viver, bem, neste mundo, do jeito que ele é.
O mundo não é o que desejo. Do meu jeito, adapto-me ao mundo.
*
O mar virou sertão. O sal do mar no sertão, em Salinas, em meu coração, aqui no norte de Minas.
*
O objeto real pode servir pro bem, pode servir pro mal. O avião, por exemplo, voa, tomba. Leva gente, leva bomba.
A ideia, a invenção, pode servir pro bem, pode servir pro mal. A organização, por exemplo. Organização pra viver, organização pra matar.
*
Melhor que urro, sussurro. Gemido ao pé do ouvido.
*
Administro sentimentos, é o que penso. Sentimentos administram meus pensamentos.
*
Conhecimento é poder. Do que não sei, não usufruo.
*
Não vivo inteiro nem isto nem aquilo, se faço uma coisa e penso noutra.
*
Bagunceiro. Uma amiga me ensina. Um lugar onde jogo tudo que, agora, não desejo arrumar.
*
O google confirma o que aprendi e faço. Mas devo confirmar mais fundo. “O carvão vegetal absorve com eficácia os agrotóxicos, adubos químicos, metais pesados, gases e os detergentes dos alimentos. Tem que ser carvão orgânico. Se não for orgânico, coloque sobre a chama do fogo por alguns minutos. Deixe os alimentos imersos por 10 a 15 minutos.”
*
Saúde dá lucro pra quem tem. Doenças dão lucros pra quem lucra com elas.
*
Jornal do Commercio
Quinta-feira, 22 de dezembro de 1836
Vende-se um casal de escravos,
sendo a preta gravida de 8 meses,
que entendem de todas as plantações do paiz;
e huma preta, boa quintadeira e lavadeira,
os quaes se dão por 1.ooo$,
para repartir por uns herdeiros.
Na rua S. José n. 35.
*
dinheiro tem preço
sempre um tanto da vida
*
todo afeto
um sucesso
*
às vezes o diagnóstico
mata mais que a doença
*
no ato falho
a memória mergulha
traz do fundo
o que não lembrei, já sabia
*
que decretos pessoais
posso baixar em minha própria vida
que mudem em mim
minha maneira de ser?
*
como diz o ditado popular,
"quando a boca cala, o corpo fala.
Mas quando a boca fala, o corpo cala, sara".
*
guinada
o soldado que dá o tiro,
ele aperta o gatilho
como os mandados,
os que mandam,
os que fazem fofoca,
aqueles que facilitam
o confronto, o conflito,
são também responsáveis
pelo que o tiro provoca
assim como cada um
que contribui pro drama,
a esmo vaga no mundo,
se sente, sem saber, imundo,
não sente, não vê
o bem-bom que pode ser
sua própria vida, querida
já em instituições que mal fazem,
cada funcionário que contribua
pro mal que a instituição traz
é responsável também,
não há como fugir de si,
cada escolha é própria
de quem cada escolha faz
eu sei, juro, vivo, procuro
no presente o meu futuro
estas feridas cicatrizam
quando guinada se dá:
sai do vício, o viciado
um achado! listo! isto!
em qualquer idade,
abandona fazer dor,
cria oportunidade
não mais gatilhos, tiros:
descobre a simplicidade
escolhe o amor,
ama a si, ama outrem,
se torna amado também
agora outra pessoa, boa,
saravá, namastê, amém
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