sábado, 13 de abril de 2024

148 talvez sim, talvez não




148


A experiência nos diz:

quem gosta do que faz, dificilmente necessita ser controlado.

No máximo, acolhido, respeitado, orientado.


talvez sim, talvez não



Tudo me leva a crer que o mundo será o mesmo sem mim. Ou que o mundo será outro sem mim. Ou ainda, meu mundo desaparecerá comigo.

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Olho no espelho e não reconheço o velhinho. Sou eu.

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A morte é também uma escolha, como escolha é cada palavra que falo, cada pensamento, sentimento que tenho, como cada comida que como, cada ato que faço?

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O conteúdo da programação é a essência. O conteúdo da comunicação é a essência. O conteúdo do afeto é a essência. O jeito de afetar, essencial.

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O homem ideal acrescenta conteúdos consistentes em qualidade ao que vive. É cuidadoso consigo. Cuida de outro como de si. Cuida de quem cuida.

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Pessoas que trabalham a favor são fontes de movimentos libertários. Algumas dão chão: cuidam da organização, criam condições para o trabalho de outras. Outras pesquisam, imaginam, propõem e produzem movimentos e produtos geradores de transformações libertadoras.


Umas levam informações saudáveis aonde o povo está. É mais simples, como aqui parece. A base é a pessoa, são as pessoas. Motivadas, a insegurança – o tititi – desaparece, a paz reina. Informadas, todas sabem do que acontece. Pessoas se transformam em libertos, multifuncionais. Como potencialmente somos todos.

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Cuidados com quem cuida: pessoas são a base de funcionamento de instituições. Parece fundamental o estímulo à autoestima de cada um dos que trabalham, especialmente com outros, com o público, de forma que, cada vez mais, todos tenhamos prazer no que fazemos.


Isto significa facilitar o crescimento humano, a melhoria de qualidade de vida de cada funcionário acolhido no seio da instituição, inclusive através do acesso a informações essenciais à compreensão do que faz, do que é, das consequências, dos resultados.

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Estímulo à pró-atividade: o gostar de si mesmo fundamental para gostar espontaneamente de outros – implica ter consciência de que realiza trabalhos de qualidade, é útil e necessário.

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A experiência nos diz: quem gosta do que faz, dificilmente necessita ser controlado. No máximo, acolhido, respeitado, orientado. Este respeito se traduz em decisões e atos que considerem afetuosamente cada pessoa pelo que é.

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Cuidados com as expectativas. Oferece quem tem. Como diria um conhecido, sociólogo: vaca não dá coca cola. Não devo esperar coca cola de uma vaca, que já me mostrou que dá é leite.

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Mesmo que os ditos superiores de cada um tenham – em princípio – uma visão do conjunto, cada realizador de tarefas pode contribuir para decisões acertadas, uma vez que – também pressuposto – é cada funcionário quem deve melhor entender, saber do seu ofício.

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Talvez seja verdade que, se a fé vem da experiência, a experiência, a vivência, se consciente, aprofunda o saber.

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Humor do bom, estável, é sinal de inteligência emocional?

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Os mesmos fatos, visões diferentes. É assim em relação à própria criação do universo, da terra, do homem. Ser ou não ser, passam os séculos, no fundo permanecem esta e outras questões.

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Cada homem, do seu jeito, cultiva – ou não – sua própria evolução, em tentativas de viver melhor. A soma destas revoluções individuais se traduz na evolução da humanidade como um todo.

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A memória nos lembra da nossa história recente: vida rural, industrial, pós-industrial. Agora globalização, fase de stresses, tendências desumanizadoras. Indivíduos, bairros, cidades, países fortes e fracos – é olhar ao redor – destinam recursos para armas.

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Volta e meia, implosões de insatisfações que – acumuladas – se traduzem em conflitos, confrontos coletivos, guerras.

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A vida, breve: tempo curto para lutar contra.

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O buraco – quase sempre – mais embaixo. O inconsciente individual e coletivo – parece – induz a nossas ações. Por outro lado, olhando bem, também sinais de vida no planeta Terra. A favor do homem.

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Também aqui, cada ato se traduz no resultado. Cabe a cada um de nós, no que pode neste barco, refletir, nortear seus atos. Parece poesia, pode ser também fato.

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Quando ouço uma boa gargalhada, lembro papai.

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Winnicott: a essência da democracia repousa no homem comum, na mulher comum, no lar comum.

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Freud: No exercício de uma arte vê-se mais uma vez uma atividade destinada a apaziguar desejos não gratificados – em primeiro lugar, do próprio artista e, subsequentemente, de sua assistência ou espectadores.

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Ser livre não significa fazer tudo que desejo, mas seguir as regras que eu escolho. Foi Kant?

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Bilhete prum amigo: inda não aprendi falar com calma, entre tantas coisas que inda não aprendi. Já entre o que aprendi, aprendi um tanto escutar meu corpo. Meu corpo me dá prazeres, me sugere limites.


Outro dia fique três horas na cadeira do dentista. Anestesiado, meio dopado com um calmante brabo. Fiquei cinco dias quieto, sopa, água, suco, sono, leitura. Recuperei o equilíbrio, voltei ao trabalho, produzi mais tranquilo.

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Sem querer querendo, direta ou indiretamente, costumo dar conselhos. Contraditório, tenho dificuldades em ouvir. Inda não cresci.







 

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