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Imagino presente, na memória inconsciente, o ausente do consciente. Um baú de lembranças não lembradas, em algum lugar de mim.
antecipo o futuro?
Numa livraria, mundos. Em cada mundo, nas linhas e entrelinhas, no dito e no não dito, pontas como de icebergs. Leio, li muito. Desisti de compreender tudo. Já basta não me compreender, o mundo que sou. Mas, do que leio, muitas vezes sem entender, um tanto me fica. E me surpreendo com o que sei… e nem sei que sei.
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Nunca tive um time de futebol de coração. Mas adoro jogadas bonitas.
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Tento me limitar. Sou pouco pro que desejo. Mas conversar, topo.
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Tudo novo. Tentativas, tropeços, bambeios, aprumos e de novo. Sinto que a direção permanece. Eterno aprendizado.
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Tudo o que desejo, imagino tão pouco. Talvez seja muito. Desacelero?
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Volta e meia, mexidas. Cada vez não fazer me atrai mais. Quero me guiar pelo que vivo no caminho, ao caminhar.
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Entre o desejo e a realização gastei um tanto de minha vida. Volta e meia me lembro do poeta francês: perdi minha vida por educação.
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Quando feliz, lembro a sorte que tenho em desejar quem me deseja, em ser um tanto quem gosto ser.
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Volta e meia experimento viver agora o que desejo viver no futuro. Quando consigo, antecipo o futuro.
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Facilitam minha memória estas fotos e gravações que tanto fiz em minha juventude. Ao vê-las, relembro o que então vivi. E assim, inda agora, gravo, fotografo, escrevo quando desejo. E mais priorizo as relações com quem vivo, convivo.
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Aprendo quando presto atenção no que penso, no que sinto, falo, faço. Só vivo mesmo se presto atenção no que sinto. Se sinto – e não presto atenção – nem sei que senti, não vivi.
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Imagino presente, na memória inconsciente, o ausente do consciente. Um baú de lembranças não lembradas, em algum lugar de mim.
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Filosofar é livre pensar?
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As coisas práticas: trazer a garra, prender o abajur à prateleira de cima. Apoiar a venda do apartamento da amiga, acompanhar a compra do outro. Interagir na diagramação do livro, articular a impressão, aprender a facilitar a distribuição.
Há uma lista mutável. Cada objetivo, um conjunto de tarefas. Defino prioridades, relaciono as tarefas e, nos seus tempos, cada objetivo se realiza ou se transforma.
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Lia O Cruzeiro. Copacabana, beleza, aventura, alegria. Desejava vir pra lá, estudar no Pedro II, morar no Rio. Eu, 14 anos, ali em Montes Claros, 1960. 1971, Rio, cheguei. Almejava dinheiro, mulher, glória. Agora sinto saúde, sossego e meu sucesso é outro. Lá fundo, desconfio era este meu desejo. E não sabia.
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