quinta-feira, 4 de abril de 2024

156 relações humanas





156


Parece ser bom para a instituição – e para o trabalhador e seu grupo – que cada um tenha o olhar do todo, além de capacitação aliada ao seu próprio desejo.


relações humanas



Relações humanas incluem relações emocionais. O que me leva ou o que me impede relacionar com outro? Às vezes esporádicos, os METS – Movimento Emocional e Transformações Sociais – encontros periódicos que criamos, com Michel Robin, e realizávamos através do Sesc Rio, procuravam congregar quem considera desenvolvimento emocional como base para desenvolvimento humano e social.


Demos um tempo nos METS quando conhecemos as TCs – Terapias Comunitárias, criadas por Adalberto de Paula Barreto. Nas TCs, teoria, metodologia e prática somam conhecimentos acadêmicos e populares. A TC é política pública no Brasil, hoje. Pra saber mais, vale visitar o www.abratecom.org.br ou, para assistir alguns vídeo-registros, a coluna da direita do www.luizsarmento.blogspot.com . Ou pesquisar no YouTube.


Os LPS – Livre Pensar Social – eram encontros voltados para reflexões e fomento de políticas públicas. Articuladores, apoiadores e realizadores de projetos comunitários – sem compromisso conclusivo ou deliberativo – compartilham ideias, intenções, informações e reflexões focadas em desenvolvimento humano, social, integral.


Antes, ainda no Sesc Ramos – uma unidade operacional do Sesc RJ – apoiado nas práticas por Lídia Nobre, a assistente social, criamos as Redes Comunitárias, onde cada participante tem espaço para falar do que oferece e do que procura em relação ao lugar que vive ou ao tema que lhe interessa. Pra mim, redes comunitárias cuidam do objetivo. E terapia comunitária do subjetivo. Como tudo, ou quase, na vida, varia.


A ideia das Agências de inFormação deu motivo para que George de Araújo e eu, com apoio de Carolina Pelegrino, Andrea Medrado e Gilberto Fugimoto, realizássemos os CCI – Comunicação Comunitária Interativa – encontros de pessoas e instituições ativas e interessadas em levar e trazer informações para quem não é escutado e para quem não é representado por mídias formais. É gente que trabalha com jornais, rádios, TVs comunitários, folhetos, alto-falantes, comunicação popular. Gente que leva e traz informações e notícias, interage com seu público. E que, nos encontros, reflete sobre o que faz e comunica, conteúdo e forma.


Estes encontros muitas vezes foram sementes que geraram vínculos, parcerias e movimentos. Tudo em ondas, frutos de contribuições de cada um, de acordo com suas possibilidades e desejos.


Gravei em vídeo, com apoio de muitos, muitos destes encontros. Cada editor – cocriação e muito suor – deu personalidade a cada vídeo. Em sua maioria, os vídeos estão na internet.


Os ouvintes querem falar:

todos sabemos que há gente procurando e oferecendo de um tudo. Quando se encontram e se entendem, se suprem. Quando não sabem um do outro, oportunidades desaparecem.


Início do milênio, Sesc Ramos, ao lado do Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. Fórum Transformações Sociais – O que Pode dar Certo. Palestrantes experientes numa mesa, trezentas pessoas na plateia. Nem mesmo falas interessantes interessaram aos presentes. Em menos de uma hora, evasão. Das trezentas, somente umas cinquenta, sessenta ficaram.


Levamos o microfone ao público. Agarram, botam pra fora: “o governo não presta…”. Muita gente na fila, todos querem falar. Eu, inseguro: “Peraí! Seja objetivo por favor: o que você veio procurar aqui? O que você veio oferecer? Dois minutos para cada um.”.


Pronto, surgiu o jeito, a metodologia. Convidamos quem se interessasse para uma primeira conversa, juntos. Em roda, os tratos iniciais – aqui, neste momento, somos iguais em direitos e deveres. Encontro sem palestra nem eventos, só as falas individuais…


Cada um sintetiza quem-é-o-que-faz, se-representa-uma-instituição, o que procura, o que oferece. E seu e-mail, telefone ou endereço. Tempo limitado, um-dois-cinco minutos, dependendo de quantos estão presentes e do tempo total que pretendemos estar juntos naquele encontro.


É um desafio sintetizar, falar pouco e objetivamente. Aprendemos juntos. Para facilitar o controle dos tempos individuais, há encontros em que utilizamos uma ampulheta, outros em que batemos palmas no limite ou simplesmente avisamos, cordiais: tempo esgotado.


Depois que todos falam, os interessados se deslocam para o café. E, ao redor da mesa, cada um aprofunda a conversa com aqueles por cuja oferta-procura se interessou. Trocam informações, ideias, se conhecem. Constroem parcerias.


Base das redes comunitárias, os encontros são voltados para a construção de realizações, para a prática de parcerias, através de pessoas representativas – interessantes e interessadas – de comunidades e instituições privadas, públicas e do terceiro setor.


De modo simples e objetivo, cada representante se apresenta e fala o que veio procurar e o que veio oferecer. Todos têm oportunidade de falar e ouvir. E, quando cada um sabe quem é quem, o espaço se abre para o aprofundamento de relações e formação de parcerias.


Normalmente os encontros acontecem periodicamente – mensalmente, por exemplo – no mesmo local ou em espaços alternados. A metodologia naturalmente é adaptável a cada realidade. O importante é que gere os frutos desejados e possíveis.


Permanecem como memória os classificados sociais e a lista de participantes. Nos classificados, cada um descreve sinteticamente o que oferece, o que procura e dá seu nome, telefone, email. Estes dados são posteriormente digitados e disponibilizados diretamente para cada um – via email – e, quando possível, para o público em geral, também virtualmente através da internet. Cópias xerocadas podem ser distribuídas para os participantes de encontros posteriores. Estes classificados são cumulativos: a cada encontro, novas ofertas e procuras, relativas a novos e antigos interessados.


Rodízio criativo:

imagine uma instituição de porte médio: empresa, serviço público, ong... Em consenso interno, trabalhadores de um setor liberam um ou mais do grupo, por um ou mais dias, para visitarem, estagiarem, em outros setores. Os que permanecem no setor original cuidam do cumprimento do conjunto das suas obrigações normais. Esta a ideia básica.


Parece ser bom para a instituição – e para o trabalhador e seu grupo – que cada um tenha o olhar do todo, além de capacitação aliada ao seu próprio desejo. E parece ser bom para cada trabalhador ter acesso a oportunidades que facilitem acréscimos a seus conhecimentos pessoais e profissionais. A prática tem ensinado o melhor caminho.






 

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