segunda-feira, 27 de maio de 2024

114 vagar me acalma

 


114


Viver bem, meu fio, este o desafio.


vagar me acalma



Multidão de pensamentos, passam, pousam, fogem, mergulham. E eu, aqui, só de aeroporto.


Observo, escolho, foco. Aprendi outro dia com um aprendiz de si mesmo. Respiro, foco, observo e escolho. Viajo, mundos desconhecidos aqui dentro. Algo perde o sentido. Dinheiro, regras. Algo ganha sentido, os afetos, sentimentos. Poder perde o sentido. O simples ganha sentido. Meus sentidos ganham sentidos. Observo, escolho, foco. Respiro e sinto.


Imagino uma criança que, em casa, não tenha calma. Chegou há pouco ao útero. Feto, fruto de afeto. Depende da mãe. De tudo – alimentos, sentimentos, movimentos, sabedorias. Viaja ao acaso, o feto.


Imagino um menino que não recebe carinho. Sofre a falta, é só, desprotegido. Tudo desconhecido. Tem medo. Ambiente ameaçador. Dinâmico, outro equilíbrio. Prevalece o medo. O menino cresce medroso. Medo é o que mais conhece.


Imagino um menino que recebe carinho. Leve estar, ali, na calma do lar. A mãe se amando, o pai também, supre, vai e vem. Ambiente amoroso. Equilíbrio dinâmico, prevalece o amor. O menino cresce amoroso. Amor é o que mais conhece.


Hoje, homens os meninos. Cada um se comporta, um tanto, como emocionalmente aprendeu. Cada um, do seu jeito, aprende a lidar com o amor e o medo que sente.


O menino medroso – se amor não aprendeu depois – viverá, no presente, o medo que sentiu e sente.


O menino amoroso – se medos marcantes não sentiu depois – viverá, no presente, o amor que sente e permanece.


Tentativa minha de entender, além do meu, o comportamento do outro. Eu, a procurar saber a causa do que faz o outro assim, diferente de mim.


Tudo começa na infância, sinto em mim e acredito. Se não tudo, quase. Depois, outras marcas vão se acumulando, como camadas de uma cebola. Dissolvo cada camada, para acessar minhas primeiras marcas.


*

Viver bem, meu fio, este o desafio.


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Pois é. O amor, a fé, isto que não se explica, inexplicável fica.


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Bondade: o mais importante é a boa vontade.


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Empatia, alegria contagia.


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Falsa tese, catequese. Um tanto de minha vida a me desvencilhar deste inferno, deste falso fogo eterno.


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Governa tão bem, que deseja e facilita a todos se governem também. Antes de governar a outros, governa a si e bem.


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Certeza tenho agora: de nada tenho certeza, nem memória.


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Ei moço! Aprendo mais com o que sinto que com o que ouço.


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A idade avança, renasce minha criança.


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Quando voto, sou também responsável pelo que o voto provoca.


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Sinto, elejo aquele com quem me pareço.


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Amor ou dor, tortura ou abraço, sou responsável pela escolha que faço.


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Olho no espelho e me lembro. Ou cresço ou desapareço.


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Agora, toda hora, pura compaixão no coração, outra oportunidade de atitude serena. Que seja amena.


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Como teria dito, talvez, Tom Jobim: democracia é muito bom. Lá em casa, pratico todo dia.


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Já vivi outros temores, horrores. Passaram, são só lembranças. Cultivo, agora, esperanças. Quase uma certeza, ô beleza, há vida depois da vida.


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O que desejo pra mim, desejo pra todos: alforria. Que cada um de nós decida sobre seu próprio destino, seja governador, seja presidente, do seu próprio amor, de sua própria mente. Bom dia todo dia, boa noite toda noite, boa vida toda vida.


*

Rico é quem está contente. Aprendo, aqui, no presente.

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