sábado, 18 de maio de 2024

119 parto de novo





119


Escolho que vivo, e consigo,

a cada cuidado que tenho comigo.


parto, de novo



Obá. Tenho me sentido tão bem. Levanto, arrumo a cama, tomo limão em água morna.


Pouco depois, furo um coco, bato com abacate, mamão, beterraba, banana ou cenoura… e aquela bucha do limão antes espremido.


Quando vem vontade, tempo depois, um cafezinho.


Pro almoço, vario o verde cru. Tem arroz, feijão, inhame ou mandioca ou baroa ou cenoura quase todo dia, além de algum vegetal inesperado.


Tudo cozido na água, como o alho, a cebola n’água refogados. Sal, só o pra acentuar os gostos. O açafrão dá cor. Os temperos mais variados.


Vez em quando, noutras horas, mexerica, caqui, banana, alguma fruta da estação.


Isto, meus alimentos. Acrescento todo dia algum movimento. Descubro a dança aleatória.


Boto o headphone, ligo o bluetooth, seleciono no spotify uns rocks que gosto… e deixo meu corpo balançar, algum reflexo chegar. Experimento botar pesos nas mãos.


Umas sete músicas – uns 30 minutos – minha respiração se amplia, meu sangue circula diferente, reflexos despertam, o ritmo se instala, a mente obnubila, um murmúrio quase aaahhhnnn, quase todo me entrego.


Cientista de mim mesmo, quando a cabeça esquenta, caio debaixo da ducha fria… e esqueço de tudo, só sinto da água o frio… até o prazer do alívio, da quentura do sol, da maciez da toalha, do presente do agora.


Estou que gosto. Meus 73 viram 20, meio adolescência que inda sinto.


*

Já o que abaixo escrevo, sugiro ler no banheiro, se no banheiro reflete.


*

Em cada caminho que faço, construo, omisso e em atos, cantinhos, buracos, regatos. Lá no fundo, sei o que me faz mal, o que me faz bem.


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Em cada alegria, vivo. Em cada tristeza, morro. Ao meu lado vivo, peço socorro. Enfim, sou remédio de mim.


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Agora sei, sou um homem incomum, como cada um.


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Escolho que morro a cada vez que me mato num ato que faço. Escolho que vivo, e consigo, a cada cuidado que tenho comigo.


*

Movimento, se se institucionaliza, deixa de ser movimento. Paralisa.


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Racionalizo tudo. A emoção emerge e prevalece.


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Quando agitado, namoro, me acalmo.


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Movimento paralisa, se se hierarquiza.


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Tão bom, não ter prazos. Nem pressões, nem atrasos.


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Qualquer emoção, minha rotina vira exceção.


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Que má sorte, associam o supérfluo à vida. Veja a publicidade, é a morte.


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Parto de novo, agora no escuro. Volto a ser ovo do meu próprio futuro. Sensação de carinho, os sons quase mudos, negrume, morninho, esqueço de tudo.


*

Se assim nos carnavais, como então nos futebóis? O jogo como prazer, o prazer no ato do fato. Quanto a vencer, talvez, agora sua vez.


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Desconfio, controlo. Controlo, se não confio.


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Reflito a esmo. Na multidão dos aflitos, acredito em mim mesmo.

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O que me proíbo, em outros critico. Se não me permito, a outros inibo.


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Olhos, ouvidos, nariz percebem uma situação. A realidade contradiz o rádio, o jornal, revista, televisão.


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Uma amiga me ensina: como posso dizer sim a algo que não está em mim?


*

Um amigo simplifica: complexidade – isto e aquilo, em vez de isto ou aquilo.


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Melhor me escuto quando em silêncio.


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Em mim, alguns mortos, vivos. E alguns vivos, mortos.


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Mesmo velho, tudo novo. Nunca vivi o que agora vivo.


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Ah! Quanto tantra, juventude sem idade. As alegrias são tantas, são tantas as novidades.


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A morte, uma bolha. Como a sorte de escolha que faço, desatento, a cada momento.


*

Se cuido das causas, os sintomas se vão.







 

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