terça-feira, 7 de maio de 2024

130 solidariedade



130


Nesta atenção aos meus sentimentos, descubro. Internamente, me pego criticando tudo que, de mim, é diferente. Tenho receio, medo do novo.


solidariedade



Tateio nesta busca, em mim, de solidariedade. Às vezes, o pedido vem num olhar. Outras, explícito na fala. Quando não sou eu, é um amigo, uma amiga a desejar escuta. Quando me toco, me ligo, escuto. E é só de uma escuta o pedido.


Quando me expresso e sou escutado, me acalmo. A indiferença me mata. Sinto, preciso aprender a acolher o outro como desejo ser acolhido. “Ame o próximo como a si mesmo” contrasta com o “farinha pouca, meu feijão primeiro”.


Abraço é bom. Ao mesmo tempo que dou, recebo. Assim, também, com a solidariedade. Quando ofereço meu ombro como amigo, me emociono, me alimento emocionalmente.


Nesta atenção aos meus sentimentos, descubro. Internamente, me pego criticanto tudo que, de mim, é diferente. Tenho receio, medo do novo.


Meu egoísmo aflora a toda hora. Mudo de calçada quando, lá adiante, vejo o pedinte. Mas, quando vou em frente e paro e escuto, vem um não sei o que de conforto em minh’alma. Contabilidade cósmica, um ganha-ganha.


São tantas as carências, as minhas, as de outres, me sinto impotente.


*

Quando me reconhecem, me alegro. Um meu professor falou: só reconheço no outro o que tenho em mim.


*

Tomara encontre meu jeito de realizar o que desejo. Aquele jeito que, acredito, cada um de nós sabe – quando se lembra. Ando meio folgado comigo. Arrisco, tento, erro, aprendo, acerto… Mas, cada vez mais, escolha de toda hora, qualquer faísca de vontade, aproveito, embarco. Os resultados me animam, me cutucam, dão outros impulsos.


Sinto, qualquer movimento que eu faça reequilibra meu todo. Aqui, reparo, tudo novo, pela primeira e única vez. Nunca antes aconteceu.


Divago. Falo de mim como único e componente do todo. Quando falo muito, quase nada sei. Quando falo pouco, sintetizo o que aprendo. Quando nada falo, aprendo e ensino sendo.


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O inferno é, são os outros”. Critico críticos sem autocrítica. Gosto saber do que cada um de nós tem feito pelo bem da Humanidade. Mas, parece, tem sido mais comum saber do que um pensa sobre o possível erro do outro – sem ter vivido a vida do outro. “Perdi minha vida por educação”. “Democracia é muito bom. Lá em casa, pratico todo dia”. Estes insights foram, salvo engano, de Sartre, Verlaine, Tom Jobim. Inda tem a Cacilda Becker: “Não tenho tempo pra lutar contra. Só luto a favor.”.


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Desafio forte, este, de suportar alegria.










 

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