quarta-feira, 1 de maio de 2024

136 pirâmide




136


Posso viver o que desejo agora,

não deixar pra outra hora?


pirâmide



Não conheço nada igual. Igual, mesmo, nada, nada. Só conheço desiguais. Desiguais a esmo. Todos, tudo, mesmo. Parece contradição, a igualdade dos desiguais. Duvido. Como desigual, se uma parte do todo carrega um tanto de tudo que compõe o todo?


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Abraço é bom, leve… ao mesmo tempo que um dá, recebe.


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Quem, dinheiro, pouco tem, em que investir, em tempos inflacionários? Talvez em coisas de uso. Sei lá, feijão, grãos que garantam o alimento de amanhãs. Se um quilo hoje custa cinco reais e amanhã passa pra seis, os trinta reais que tenho hoje e hoje comprariam seis quilos, amanhã comprariam só cinco. Mas, se compro hoje os seis quilos, amanhã a inflação não comeria o meu feijão. Posso, também, comprar gás em botijão ou qualquer coisa não perecível que me seja útil. Mas, gás evapora. E feijão caruncha.


Posso aprender algo novo, investir em minha educação. Posso viver o que desejo agora, não deixar pra outra hora? A cabeça segue a esmo, perdida nesta falta de rumo.


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Lembro de três amigos. Realizam, orientam rituais espirituais. Um, judaico. Outro, católico. Outro, umbandista e do daime. Um, franciscano. Outro, dançarino. O terceiro, professor. Em comum, os três, atores, artistas, palhaços.

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Do que entendi, a pirâmide de Quéops tem medidas próprias. Com base quadrada, cada lado é um triângulo. A base de cada triângulo talvez seja cinco por cento maior do que a medida de cada lado. Se monto uma pirâmide com estas proporções, devo permanecer atento aos resultados. Se divido por três a altura da pirâmide – e boto ali um toco medindo um terço – confiro se, no primeiro terço desta altura o leite não coalha, gelifica. E se a lâmina de barbear, a tesoura, a faca, a ferramenta – o que necessite de uma lâmina afiada – afia.


Ali, outras energias circulam, pra mim, desconhecidas. Já ouvi falar que, lá dentro, há pontos onde boas e más energias circulam. Nunca estudei a pirâmide. Só, eventualmente, com estas medidas, fiz algumas de papelão e lá dentro, no primeiro terço, botei leite que gelificou, botei lâmina que se afiou.


Ah! Um lado da pirâmide deve estar voltado para um lado dos quatro pontos cardeais, mas esqueci, não sei qual é. Como não sei pra que lado, e onde – se construo uma pirâmide suficientemente grande – ali eu deveria posicionar meu corpo se desejo alguma interferência nele. Mas, não construo, meu preconceito vem da minha ignorância. Tenho medo do que não conheço.


Já ouvi falar – ou li em algum lugar – que há lugares na pirâmide que estimulam a saúde. E há outros lugares que abalam a saúde. Pelo sim, pelo não, melhor pesquisar, conhecer outros relatos de experiências, antes de usar.


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Também eu me cuidando em outro porto. Aluguei meu espaço, já não moro onde morei.

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Comer, ato político. Ao escolher, vou, defino: empresa grande ou produtor pequenino?


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Fé, parece, vem da vivência, da emoção sentida. A educação, parece, talvez venha da razão… Ou não. Talvez venha do exemplo, da identificação.


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Simples assim, descubro, eu sou o outro, o outro é eu.


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O que agora vivo, nunca antes vivi. É novo, aprendo. Eterno aprendizado, aqui, agora.






 

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