terça-feira, 4 de junho de 2024

111 amadurecência sem doença




111


No sentimento, a essência da mensagem.

Outra, a linguagem dos sentimentos.


amadurecência sem doença



Incorporo Zezé, agora o personagem deprimido, sinto o que ele sente. Ele, neste momento, sou eu. Pura empatia.


Estas contradições entre os desejos e as proibições, estes conflitos, estes confrontos baralham minha cabeça, desnorteiam meus sentimentos, alimentam meus sofrimentos. Inda mais que, reconheço, em outros critico o que não me permito.


Tudo sistêmico, este sofrimento, esta falta de desejo, este nada querer, estes pensamentos que me invadem, esta energia que me falta, este cansaço, esta entrega, este físico encurvado, este frágil estado.


Inda bem que tem o que sei e nem sei que sei, a tal da intuição. No sistema que sou, uma mexida aqui deflagra um movimento ali. Talvez, esta, a minha sabedoria. Arrisco em mim. Debaixo da água fria, o frio me invade, esqueço de tudo, só o frio presente. O sangue corre diferente, a respiração se altera, os sentimentos se alternam. Depois, água fechada, um alívio, algum bem-estar.


Um poeta já sacou, a cada passo que dou, muda o mundo de lugar. Assim, cultivo, me movo… e se movimentam meus sentimentos. Também assim com o alimento. Como leve e leve me sinto.


Agora, difícil mesmo tem sido fugir de pensamentos. Mas tateio, aprendo. Tento me aproximar do que me leva a pensar. Uma conversa, uma leitura, um gosto, um toque, um cheiro, meus sentidos me provocam lembranças, pensamentos me trazem sentimentos.


Pronto, um ponto. Algo posso fazer. Seleciono, um tanto, o que penso, o que sinto quando seleciono o que vejo, ouço, como, cheiro, toco. E este aprendizado tem facilitado minha vida.


Um mundão, este mundo que se amplia quando o trivial vira especial. Atentei. A linguagem dos sentimentos, por exemplo. Facilita. Tem sido assim comigo, falo de mim, me exponho, o caminho como se abre. Parece espelho, me abro aqui, se abre ali. Falo do meu amor, recebo uma fala de amor.


Tenho, também, aprendido. Quando falo do meu sentimento, ninguém tem duvidado. É como se cada um soubesse – só cada um sabe o que sente. Só eu sei o que sinto. Só cada um sente o que sente. Assim, quando alguém fala pra mim do seu próprio sentimento, ouço, atento, o relato de quem viveu algo que não vivi. E sentiu o que não senti. Às vezes, muitas, me identifico, reconheço ali o que sinto aqui, fruto do que vivi. Meu mundo se amplia quando navego nos sentimentos.


Uma repetição. Novidade tem sido o que eu já sabia e não sabia que sabia. Compreendo profundamente quando sinto aqui o que o outro sente ali. Outra linguagem. Comunicação ausente de palavras, toques, sentidos. Tipo sente-sinto, sinto-sente.


O mundo permanece o mesmo, inesperado. Aqui, dentro, lento, algum movimento.


No sentimento, a essência da mensagem. Outra, a linguagem dos sentimentos. Parece coisa de espíritos, semelhante ao que relatam aqueles que vivenciaram experiências de quase-morte. Lá, naquele outro mundo, as comunicações se dão de outro jeito, ausentes as palavras.


Mistérios por todo lado. Vejo uma folha e, se nela mergulho, vejo células, átomos, ínfimas partículas que contêm, menores ainda, outras partículas, menores e menores e menores, infinitamente. O microcosmo se assemelha ao macrocosmo. Olho pro céu e, se nele mergulho, vejo estrelas que compõem sistemas, que compõem galáxias, universos. Em comum, tudo pulsa. Como pulsam os animais, os vegetais, os minerais. E mais, mesmo que mais eu não saiba nem imagine. Pulsação, sinal de vida. Sim e não, como na computação?


Na fogueira, a língua de fogo lambe o que queima, se alimenta, vira labareda. Infinitas formas naqueles movimentos. O que queima vira brasa, a brasa aviva, bela. Finita, lá se vão o calor, o brilho, aquela vida. Carvoeja. Se mais queima e queima, cristaliza, diamanta. Talvez seja assim. Ou não. Sei que – disto como de tudo mais – nada sei. O que penso que é… é só o que penso, não é.


Posso gastar a vida assim, a falar de coisas que nada entendo, a acolher pensamentos que me afastam dos meus sentimentos. Ou não. Posso escolher, ser, um tanto, responsável pelo que vivo... uma vez que só vivo mesmo aquilo que percebo do que sinto.


Tenho agradecido a mim mesmo os cuidados que tenho tido comigo. Estou aprendendo escolher o que vivo. Tenho, nesta fase, vivido uma vida mais simples, um tanto recolhido no meu canto… E tenho gostado. Permanece o desejo de uma vida boa pra todos, do jeito que cada um goste, lhe faça bem e a outros também.


Tem facilitado minha vida o que me confirmei em '"Comer para não morrer", de Michael Greger. A introdução já cutucou meu sentimento. Hoje tenho certeza, o que como se transforma em mim. Obá. Ando, além de vegano, sem comer gorduras. Resultado, remédio alopático nenhum… e uma repetida alegria pela vida boa da amadurecência sem doença…


A vida que vivo – pensamentos, sentimentos, falas, meus atos – de fato, decorrem de escolhas que faço.





 

Nenhum comentário:

Postar um comentário