terça-feira, 25 de junho de 2024

92 contabilidade cósmica







92


Intuo, há vida depois da vida.

Isto me anima.


contabilidade cósmica



Vaga lembrança de paraíso onde nasci. Mistério pra mim. Ando viajante. O mundo, como meu umbigo, tudo por descobrir. Que sejam belas as paisagens. Tranquilas as viagens.


Vivo bem. É a escolha que venho aprendendo. Agora, não sei direito quando me transformei no que estou. Identifico momentos, eu, aos dois, três anos. A emoção marca o momento.


Então, lembro, mais que vago, de vultos. Duvido. Defuntos, almas de outros mundos, mulas sem cabeça, sustos. Mas, no lapso que revivi, fechei meus olhos, tanta força, tanto esforço, mexeu na elasticidade de musculaturas dos meus olhos. Ali, talvez, nasceu minha distorção de visão.


Desconfio de mim mesmo. Minhas memórias incluem as difusas. Tanto me repito que acredito. Ao mesmo tempo, falsas memórias e algumas certezas.


Quero aprender bem viver. Quando estou bem, um sentimento angelical me acompanha. Desejo pouco, mais usufruo do que é. E tem sido melhor para mim quanto melhor está cada um.


*

Um sentimento me tranquiliza. Empatia. Sinto o que outro sente. Enterneço com sua ternura, me alegro com sua alegria. Com sua tristeza, entristeço.


Um tanto, meus sentimentos são semelhantes aos de outros.


Quero antecipar pra já o que, pro futuro, desejo. Tento ser, já, no presente, um participante deste mundo do futuro. Aprendo viver agora o que pro futuro desejo.


Trago na consciência: cuido do outro como gosto ser cuidado. Amo ao próximo como a mim mesmo. Tudo isto, um desejo que se torna realidade quando tento e acerto.


*

Outro aprendizado, busco compreensão, isto de aprender com a vivência do outro, de olhar com seu olhar. Desejo que eu seja solidário, fraterno, libertário. Sou, se pratico, em casa e ao redor, o tal do amor – aquele que sei por já ter vivido.


Ao mesmo tempo, descubro em mim, o que não me permito a outros inibo. Meus preconceitos nascem de minhas ignorâncias…


Alimento, respiração, movimento. Pensamentos, sentimentos. Quero uma vida boa. Desejo o melhor. Tem vivências que estão ao meu alcance. Posso escolher música triste ou alegre. Comida pesada ou leve. Calor ou brisa. Drama, suspense, terror, comédia. Tudo, um tanto, posso escolher. Com quem converso, o que falo, o que ouço. Onde ando, o que penso, o que faço.


Quero conhecer a mim mesmo. Como me emociono. Como é meu sono, meu sonho, meu corpo. Onde vai meu espírito, onde meu pensamento voa.


Para conhecer a mim mesmo, intuo, um passo é prestar atenção ao que vivo. Quando presto atenção, aprendo, já sei, sinto diferente. Meu mundo se amplia ao meu aprender. Posso escolher. Antes, não sabia o que sei agora.


Meu desafio constante, hoje, permanecer atento à realidade presente a cada momento. Aprendizado do tamanho da minha dedicação. Aprender sentir, atento ao sentimento.


Caminhos do coração. Focar, desfocar. Inspirar, expirar. Escolher o ato, o que ver, ouvir, cheirar. Escolher a fala, o alimento. Escolher o pensamento. Sim. Não. Escolher o sentimento.


O que desejo pra mim, desejo para cada um e para todos. Uma vida boa, do jeito que cada um goste, que lhe faça bem, que faça bem a outros, também. E mal não faça a ninguém.


Minha intuição – aquilo que sei e nem sei que sei – me guia. Meu indicador tem sido meu humor. De bom humor, estou no bom caminho. Assim, aprendo a viver bem, neste mundo, do jeito que este mundo está sendo.


A todo momento, escolhas. Simples mesmo. Se ligo este botão da tv, intuo-já-sei que sentimentos terei. Ou se deste jeito me alimento, no fundo já sei que resultados terei. E assim vou. Escolhas, a todo momento.


*

Contabilidade cósmica. Só existe para quem acredita. Sei que me sinto protegido, mesmo sem saber por quem. Intuo, experimento. Quanto mais leves meus pensamentos, mais leves meus sentimentos, mais tranquila a minha vida. Quanto mais equilibrado me sinto, mais paciente me torno, mais amoroso me relaciono. Quanto mais amor expresso, mais recebo. É como abraço. Leve. Ao mesmo tempo que um dá, recebe.


Mistério, inda, pra mim, estas transformações no meu viver. Intuo, há vida depois da vida. Isto me anima.


Esta sala onde estou está cheia de ar. Neste mesmo espaço, o silêncio predomina. Poderia ser o som. Ar e som, cada um do seu jeito, enchem o mesmo espaço.


Este mundo em que vivo, tão cheio de mistérios, acolhe tantos seres vivos, palpáveis como eu – as plantas, os animais, os minerais e mais. Quem sabe, outros seres, impalpáveis como minha consciência, vivam em ausências de tempo e espaço. Ou aqui mesmo, agora.


Quando me entrego à espiritualidade, vivo o que nunca vivi, percebo o que antes não percebia. Estado alterado de consciência, outros mundos se apresentam. Só existe, para mim, quando vivencio.


*

Sou – sei, sinto – um homem comum, incomum como qualquer um. Em comum, também, sentimentos. Este mistério que nos torna vivos. Todos pulsam, tudo pulsa. Talvez sejamos, todos, um.


O ser como eu, o bicho, a planta, a pedra. A terra pulsa, as estrelas pulsam, pulsa o universo, o átomo, zero e um, ora vazio, ora infinito. Só acredita quem sente. Quem sente, percebe o que não percebia. A fé vem da experiência. Minha fé vem de minhas vivências. Meus preconceitos vêm de minhas ignorâncias.


O poder que não está ao meu alcance me lembra minha impotência. Tento, cada vez mais, estar atento ao que está ao meu alcance. Assim me faço, me sinto, potente. Tudo aprendizado. Ser e não ser.


A amiga ensina, esta atenção no que agora viva: meditação ativa.







 

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