quarta-feira, 19 de junho de 2024

98 um tanto do que aprendi na vida




98

Escrevi há alguns anos:


um tanto do que aprendi

na vida



Lavei a roupa clara, botei no varal. Cortei o alho, a cebola, refoguei em um pingo d’água, salpiquei um pouco de cada – cúrcuma, curry, louro, salsalho, noz moscada.


Preparado o rumo do gosto, lavei e levei pra panela a ervilha que tinha ficado de molho. Misturei no refogado, mexi pra desorganizar. Dali a pouco, botei água, atento, pra baixar o fogo quando fervesse. Não aguentei, piquei em rodelas uma cenoura, um alho-porró e botei lá também, pra cozinhar. Agora em fogo lento.


Acerto o despertador do celular pra daqui a quinze minutos me lembrar de olhar, cheirar, provar. Quando pronta, a sopa internaliza seus gostos até a hora que o desejo chame.


Epa, tocou o alarme. Meto a colher, tá do meu gosto. Deixo no fogo baixo mais dez minutos.


*

O alarme insiste, lá se foram quinze minutos. Levanto, provo, gosto do gosto e do jeito do caldo. Apago. Sensação boa.


Antes, logo depois de me levantar, me diverti também. Arrumei tipo simples a cama, tomei os glóbulos homeopáticos que minha querida médica acertou, bati um suco legal, pra mim e pra quem aqui. Furei o coco, colhi a água no liquidificador, cortei o coco, tirei a sua carne, coloquei na sua água. Piquei cenoura, banana, mamão, beterraba e inclui com tudo no liquidificador. Bati. Rapidim. Tudo orgânico, sem agrotóxicos, obá.


Parti pro banho ali na queda d’água. Lá ou aqui no chuveiro, a água fria me choca e me anima. O sangue, os pensamentos, a realidade melhora quando eu me animo. No embalo, do meu jeito, saúdo o sol, brinco com meu corpo, me movimento.


*

Meus aprendizados têm sido inesperados. Aprendo mais do que me lembro. Tudo, pra mim, novidade, diferente do que vivi semelhante. Como uma primeira vez. Certezas não tenho. Arrisco falar uma parte do que, agora, está sendo. Estou aprendendo.


Sou, um tanto, responsável por quem sou, pela vida que vivo. E, sinto, só vivo mesmo… o que percebo do que sinto. O que não percebo, nem sei que sinto, não vivo.


Descubro, escolhas que faço determinam, um tanto, o que viverei. Minhas escolhas interferem em meu estar, em meu ser, em meus relacionamentos. Aprendo, cuidar de mim faz bem a mim e ao meu redor. Só consigo tratar naturalmente bem a outras pessoas se eu próprio me trato bem. Trato, cuido do outro como desejo ser cuidado.


Tenho escolhido viver do jeito que gosto. Sinto me faz bem, a outros também. E mal não faça a ninguém. A todo momento, escolhas. Se a tv, o rádio, o jornal, a revista me despertam desconfiança, indignação, raiva, impotência, tristeza, dor… desligo. E foco na realidade que vivo. O que vivo e convivo tem sido animador. Muita gente como eu, os que desejamos vidas boas pra todos. Muita gente com boa vontade, faz o bem que está a seu alcance. Essencial, pro bem viver, a boa vontade.


Aprendo ficar atento. Aprendo escolher. Cientista de mim mesmo, experimentei, me liguei nos resultados, animei, mergulhei. Tenho comido somente vegetais – estou vegano – e não como gorduras, mesmo as vegetais. A homeopatia contribui pro meu equilíbrio. Meu corpo tem funcionado bem, a cabeça leve, o coração rejuvenesce, o espírito serena. Amadureço.


Leio o que me toca de jeito. Converso mais de assuntos pessoais, falo mais de mim que de outros, escrevo do que me vem.


*

Peco contra mim, vez em quando. Se nas Gerais, um pão de queijo, um biscoito. Pecado frequente é a infrequência de movimentação física. E a desatenção na respiração. Mas me animam os resultados das escolhas do que me faz bem.


Uso 43. Meus sapatos não servem pra pés diferentes dos meus. Percebo que cada pessoa tem seu jeito próprio de viver. Uma organiza de um jeito, outra doutro. Aprendo respeitar a mim e a quem diferente de mim. Aprendo a me amar.


Sinto, se estou bem, estou no bom caminho. Se não estou bem, me pergunto o que posso fazer por mim. Meu indicador, meu humor.


*

Tenho aprendido que meus sentimentos são, também, afetados por minhas escolhas. Cada escolha que faço contribui pro sentimento que sinto. Desconfio de mim quando escolho o que não me faz bem. Desaprendo mentir pra mim mesmo.


*

Aprendi facilitar rodas de conversas, terapias comunitárias, práticas de redes, feitura de aparelhos orgônicos. Li tanto escrito que permanece dentro de mim. Estados alterados me ampliaram a consciência, percebi o que antes não percebia. Intuo existam outros mundos, paralelos ao nosso. Meu interior é infinito, como infinito o universo. Sem fronteiras entre nós. Pulsamos, vivos, todos, tudo. Pulsações diferentes, sabedorias ocultas em cada mineral, em cada vegetal, em cada animal.


*

Imagino, cada um de nós se alegra ao fazer o que está ao seu alcance pelo seu próprio bem-estar e pelo bem-estar de outros. Percebo aos poucos, há movimentações libertárias no mundo inteiro. E me alegra saber de cada atitude libertária, individual e coletiva. Cada um vive, se movimenta, de acordo com seus desejos, possibilidades, ações. Meu desafio – talvez nosso – enxergar o que há de bom, agora, no mundo. Há notícias boas.






 

Nenhum comentário:

Postar um comentário