sexta-feira, 26 de julho de 2024

69 o essencial



69


Quando sonho assim, libertária liberdade, me lembro. Tudo que foi inventado e, antes, não existia, começou com sonhos, um dia.


o essencial



Desejo, ideal: ter somente o essencial. Uma mochila, duas camisetas, uma calça, uma bermuda, um calção, uma toalha, uma canga, um pente, um elástico pra cabelo, um par de meias, uma blusa, escova de dentes-pasta-fio dental, um canivete-garfo-colher, óculos, porta-óculos, documentos – identidade, passaporte, carteirinha do plano de saúde. Assim, pronto pra me deslocar, prali, pralá, qualquer lugar. Viver o agora, os momentos de cada hora.


Desejo, ideal, viver profundamente o essencial. Em cada contato, afeto, aberto coração, empatia, compaixão por mim, pela outra, pelo outro.


Pra mim, é possível viver assim. Imagino, me desloco e me assento, meio planta, meio vento, de acordo com os desejos do momento, atento às possibilidades, respeitando meus limites, minhas idades. Sei, uma enorme responsabilidade, isto de dar rumos à minha vida. Mas, sinto lá dentro, como qualquer um, posso ser, e ando sendo, governador, presidente, do meu amor, da minha mente.


Nesta vida boa, troco o que sei pelo que necessito. Onde esteja, divido tarefas com quem conviva. E tomo cuidados com minhas escolhas. Estas escolhas simples como o que como, o que sinto, o que penso. E o que falo, o que vejo, o que toco, com quem me encontro, o que faço.


Quando sonho assim, libertária liberdade, me lembro. Tudo que foi inventado e, antes, não existia, começou com sonhos, um dia. Desde a democracia, inda nos tempos das barbáries. Ou a roda, a moda, a soda, a corda. Além da intuição a guiar desejos, como os abraços, os namoros, os beijos.


Que seja, que prevaleça o sonho, o desejo. Pode ser coisa, meta de poeta, mas quem não é. O desafio de cada um – somos todos sonhadores, somos todos artistas – é viver seus sonhos, realizar suas listas. Estes sonhos que lhe façam bem e a outros, também. E mal não façam a ninguém.


Dinheiro é meio. Quando é fim, me perdi. Talvez eu precise dele pra comer, beber, morar, me deslocar. Mas preciso menos e menos quando ofereço o que sei, e faço, a outros e outras que oferecem o que procuro. Aqui, outros alimentos – os sentimentos – me enchem a alma. Estes, os movimentos. Movimentos dos sentimentos.


Contabilidade cósmica, isto de fazer o bem aqui e receber o bem ali. No fundo – como cada um no mundo – eu sei o que é bom pra mim, como o próximo sabe de si. O vegetal, o animal falam a língua essencial, respondem, do seu jeito, aos meus cuidados consigo. Este o desafio, o aprendizado. Viver, bem, neste mundo, do jeito que ele é.


Um cancioneiro já sacou: o mundo muda a cada passo que dou. Vivo o mundo, de acordo com o que sinto. Alegre ou triste é o mundo, como eu. O mundo se apresenta melhor quando eu me sinto melhor. Ao cuidar, bem, de mim, cuido, bem, do mundo. O amor é lindo.


Meus desejos, meus sonhos são os inícios dos meus processos de transformação. Repito e me repito e acredito.


*

Talvez tenha algo em comum com quem me identifico. Sou, serei parecido com quem escolho, com quem elejo?







 

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