terça-feira, 23 de julho de 2024

71 além




71


Mas, há veículos – como pessoas – que,

quanto mais conheço, mais gosto.


além



Esta perfeição que não tenho, desejo do outro, cobro do outro.


Hoje, como em priscas eras, ao mesmo tempo, sinto, convivemos homens da idade da pedra, neandertais, sapiens, libertários. Temos muito em comum, mas somos diferentes. Eu, mesmo, já me considero diferente de mim mesmo, do que fui e agora sou. Em muito, evoluo. Um tanto, regrido, involuo.


Evoluo no libertário que me sinto, quando me pego desejando a outros o que pra mim desejo, alegria no viver. Involuo quando me deixo dominar por meus baixos instintos, quando a raiva toma conta de mim e desejo a outros a dor e a tristeza que pra mim não desejo. Às vezes, sou um homem das cavernas, animal bruto. Outras, um anjo, espírito leve.


Hoje, a tristeza que me rodeia não desejo nem pra mim nem a outros. Uma ponta de alegria surge quando vislumbro, também, ao redor, outras inocências em leves espíritos. Atento, ligadão mesmo, foco ali, naquilo que me faz bem e, a outros, também. E, de novo, me sinto potente.


Lembro, quando tinha um karmann-ghia, em todo lugar eu via karmanns-ghia. Hoje, se triste, vejo tristezas por todo lado. Quando alegre, percebo, sinto alegrias ao redor.


*

Lembro, também, de meus tropeços. Quando errei, tropecei. Errei, algumas vezes, por não saber, por não conhecer outros jeitos. Outras vezes, me deixei dominar pelo cão raivoso, antes adormecido, despertado em mim. Não soube me libertar da raiva.


Tenho me aceito como sou, estou. E me perdoado pelo que fui. Antes, tento reparar o que errei, especialmente se mal fiz a outros. Isto tem me trazido uma leveza, uma paz na consciência… e me facilitado a compreensão e aceitação de erros e tropeços de outros, mesmo daqueles que, ainda, não reconheçam seus erros, nem tentam repará-los e nem cultivam suas boas intenções. Alguma compaixão, por mim, pelo outro, é o que me tem norteado. Quando consigo, tem me feito bem, a vida fica melhor.


Sinto tristeza e raiva, raspo em mim compaixão e alegria e me pergunto o que fazer, sabendo que não quero guerrear. Já aprendi, me sinto rico quando estou contente. Esta, a riqueza que desejo. Só me resta cultivá-la.


Sinto, o que vale, mesmo, é a boa vontade.


Em cada escolha que faço, tento me aproximar do sentimento que me conduz. E reflito sobre as consequências, em mim e em outros, que minha escolha favorece.


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Nunca vivi, antes, o que agora vivo. Sinto, como sempre, tudo novo. O caminho, incerto, como agora, como quase sempre. Tento aprender a viver, bem, neste mundo, do jeito que ele é. Mesmo desejando que este mundo seja diferente do que é. Esta, parece, é uma questão antiga. Como antigas são as questões, tipo de onde vim, pra onde vou, que faço aqui.


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Libertário, pra mim, é aquele que cultiva a liberdade – a sua, a do outro. Esta liberdade de ser, de amar. Os libertários me fazem bem. Fazem bem ao mundo.


Lembro Lennon: imagine viver o presente, uma irmandade de homens, mulheres, crianças em paz, sem nenhum motivo para matar ou morrer, sem fronteiras nem posses, onde o amor predomine. Lennon foi um sonhador. E não foi o único.


*

Há pessoas que, quanto mais conheço, mais gosto.


Ao meu redor, pessoas com quem cultivo afetos, com quem fortaleço vínculos, nos expomos, aprendemos nossos limites. Na medida em que nos conhecemos, nos confiamos mutuamente. Este o mundo que vivo.


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Olhos, ouvidos, nariz percebem uma situação. A realidade contradiz, rádio, jornal, televisão. Por exemplo, que má sorte, associam o cigarro, o álcool, a coca-cola à vida. Mas, descarto a publicidade, é a morte.


Muito do que penso verdade – novela, show, ficção – vem do que me disseram, como se fossem notícias, informação.


Verdades mesmo não eram, meio falsas, meio vãs. Cortinas, desvios, quimeras. Meios d'incomunicação.


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Por isso, tenho acreditado mais no que vivo do que no que me fala a maioria dos meios de comunicação. Muitos têm, sinto, interesses que me são mistérios. Desconfio.


Um meu desafio tem sido descobrir em qual veículo confiar. Facilita eu saber quais interesses o veículo representa.


Mas, há veículos – como pessoas – que, quanto mais conheço, mais gosto.


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Indo além, tenho me aproximado de relatos sobre experiências de quase-morte. Um neurologista e um físico têm conversado com pessoas que foram dadas como mortas, voltaram a dar sinais de vida e relatam o que vivenciaram neste intervalo. No youtube, alguns vídeos estão no canal “Afinal, o que somos nós?”




 

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