domingo, 21 de julho de 2024

73 ontem e hoje



73


Solitários, solidões.

Solidários, multidões.


ontem e hoje



Hoje, está mais difícil expressar o que sinto. Parece ontem, coisas que já vivi e revivo.


*

Quando voto, sou também responsável pelo que, com meu voto, provoco.


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Sinto, elejo aquele com quem me pareço.


*

Amor ou dor, tortura ou abraço, sou responsável pela escolha que faço.


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Olho no espelho e me lembro. Ou cresço ou desapareço. Agora, outra oportunidade de atitude serena. Que seja amena, haja compaixão no coração.


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Como diria, talvez, Tom Jobim: democracia é muito bom. Lá em casa, pratico todo dia.


*

Já vivi outros temores, horrores. Passaram, são só lembranças. Cultivo, agora, esperanças. Quase uma certeza, ô beleza, há vida depois da vida.


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O que desejo pra mim, desejo pra todos: alforria. Que cada um de nós decida sobre seu próprio destino, seja governador, seja presidente, do seu próprio amor, de sua própria mente. Bom dia todo dia, boa noite toda noite, boa vida toda vida.


*

Quem sabe?

Pra quem, desde criança, cria necessidades, difícil pode ser a mudança quanto maior a idade. Aquela que, desde o ninho, pra quem o que for será, terá mais fácil caminho, ou rumo incerto, sei lá.


O que é certo ou errado, que crime merece castigo, onde vou, pra que lado, eu não sei, sabe o amigo?


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Meus filhos,

um lado vivo, um outro morto, ativo ou torto, sou seu modelo. Como não sê-lo, sendo seu ninho?


Quanto aos caminhos, selecionemos os mais amenos. Sei que não devo gerar conselhos, sem mais nem menos, aos meus espelhos.


*

Choras?

Difícil é suportar alegria. Tristeza era fácil, matava no peito todo dia.


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Rico.

Eis o desejo: estar contente. Aprendendo, aqui, no presente.


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Morte...

Pobre, fraco, seco, torto, gago, velhaco, sexo morto. Humor, só do negro. Careca, banguela, não sinto apego, eu quero uma vela. Não cheiro nem fedo, o corpo é um gelo. Nem coragem nem medo, a cuca um novelo. Frio na alma, nada tem gosto. Nem agito nem calma, destino já posto.


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E vida…

Parto de novo, agora no escuro, volto a ser ovo do meu próprio futuro. Sensação de carinho, os sons quase mudos. Negrume, morninho, esqueço de tudo.


*

Pedra Rolante.

Rodo e rodo, a mesma pedra, todos caminhos. De qualquer modo, se não pedra, espinho. A minha pedra sou eu sozinho. Sou eu quem medra, eu sou a pedra.


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Imenso Vazio.

Mais do que falo, mais do que penso, sou o que sou, sou é imenso. Faço que fico, falo que vou, baixos e picos, sou e não sou. Em cada quebrada, sou tudo, sou nada. Sinto não sim, vôo, não vou. Tenso, não sonho. Sim, não, eu sou.


Num momento, só cagaço, o pavor do mais medonho. Dúvida do faço não faço, choque do ter e do ser. O real a me chamar do sonho. Triste alegria, dor e prazer.


Aqui, lá, em todo lugar, pulso, pulso no meu campo. Surjo, desapareço, tamanho. Presente, amplio o finito, o infinito acompanho.


*

Mentiras.

Olhos, ouvidos, nariz percebem uma situação. A realidade contradiz o rádio, jornal, televisão. Que má sorte, associam a arma à vida. Veja o noticiário, é a morte.



Muito do que penso verdade – mensagens, imagens, novela, show, ficção – vem do que me disseram, notícias, informação. Verdades, mesmo, não eram. Meio falso, meio vão. Cortinas, desvios, quimeras. Meios d'incomunicação.


*

Talvez.

O que hoje falo, hoje tem um sabor. Se amanhã me calo, amanhã outro valor.


Uma decisão a cada momento. Eternas decisões indecisas. Eterna indecisão, lamento. Nunca decisão precisa.


*

Isto tudo foi ontem. Hoje, o que mais quero é substituir esta tristeza que me invade pela alegria de estar bem comigo, consigo, entre amigos.


*

Aprendi outro dia. No amor platônico, amo o que não tenho, desejo o que não tenho. Quando tenho, já não amo mais.


No amor aristotélico, amo o que tenho. Amo o que sou, amo o que é.


No amor crístico, amo a mim e a todos como a mim mesmo.


*

Solitários, solidões. Solidários, multidões. É simples, mesmo complexo. Se com boa vontade, tudo faz nexo.





 

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