segunda-feira, 15 de julho de 2024

78 a arte da guerra

 




78


…me relaciono melhor com o mundo quando melhor

me relaciono melhor comigo mesmo.


a arte da guerra



Sonhar é preciso. Viver não é preciso. Viver é incerto.


*

Folheio “A arte da guerra”, escrito há mais de 2.500 anos. Arte do engodo, da falsidade, a arte da guerra. Quem está fraco, que pareça forte. Quem está forte, que pareça fraco. Mais pra malazarte que arte.


Na guerra da política atual, falsas notícias desnorteiam a nós todos. Repetidas, repetidas – as falsas notícias – dão, ao falso, vida. Mentiras se tornam verdades. O que é inimigo é visto como mito. O amigo é visto como inimigo. Informações mentirosas nos confundem.


Nestes campos de batalha, me perco, um tanto amedrontado.


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Imagino sejam mentiras algumas ou muitas das notícias que nos chegam, através de rádio, jornal, revista, televisão... ou do youtube, twitter, whatsapp, facebook, instagram...


Imagino que as fontes destas notícias-mentiras tenham obscuras intenções. E mal-intencionadas pessoas e instituições, ao analisar mensagens pessoais, saibam tanto de cada um quanto o que cada um se expõe – o que pensa, o que sente, a fé que professa, a visão de mundo, a profissão, gostos, desejos…


Imagino que muito do que me contaram não foi verdadeiro. O ladrão era outro. Era outro o malfeitor. Imagine.


Imagino que estas notícias-mentiras tenham a intenção de amedrontar-me, dominar-me pelo medo. A mim e a muitos.


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Por outro lado, outras pessoas, além de algumas brasileiras – estrangeiras – desejam bens do povo brasileiro, do Brasil.


Antigamente, a História nos conta, romanos, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses... dominaram partes do mundo, colonizaram, extraíram a ferro e fogo bens e liberdades de outros povos.


Hoje, nos domina a cultura americana. Sua música, seu way of life, seu modo de vida, seus produtos estão no nosso quotidiano. Pela comunicação – apoiada pelo poderio financeiro, guerreiro – nos dominam.


Nossas vidas têm sido pautadas pelas notícias e pelas ficções de jornais, de rádios, revistas, televisões, internet. E pelas informações – falsas ou verdadeiras – que os whatsapps e facebooks da vida nos trazem. Acreditamos mais nos meios de comunicação do que na realidade que vivemos. Cada vez mais, o medo presente. A tristeza, a depressão.


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Estas falsas notícias, fakenews, têm pautado conversas sem sentido. Conversamos, muitas vezes, sobre o que pouco ou nada sabemos. Lembra? Adoniran Barbosa, compositor do Trem das Onze, em outra música, Torresmo à Milanesa:

vamos armoçar

sentados na carçada

conversar sobre isso e aquilo

coisas que nóis num intende nada


depois, puxá uma páia

andar um pouco

pra fazer o quilo


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Coisa de doido, guerrear. Coisa de gente que não suporta a paz. Tenho medo. Guerra, não desejo.


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Imagino. Novas mentiras virão. Um mundão de mentiras. Aprenderemos a mentir para nós mesmos. Como agora já quase.


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Dentro do fogo, é fogo. Só vejo chamas. Quando me afasto, vejo o todo, outros caminhos. Esperanças.


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Mesmos caminhos, mesmas paisagens. Outros caminhos, outras viagens.


Solitários, somos solidões. Solidários, multidões. Quando interajo, gente, a ilha que sou vira continente.


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O que está ao meu alcance para bem viver, me pergunto, do jeito que o mundo é. Agora e aqui.


Tento ficar mais atento ao que posso fazer pra melhorar o mundo. Descubro, sou bem melhor tratado quanto melhor trato alguém. E me relaciono melhor com o mundo quando me relaciono melhor comigo mesmo.


Pequenas escolhas de toda hora têm definido a vida que vivo. Estou que gosto. Realizo um ato político em cada escolha que faço. O que penso, o que falo. O que como, ouço, leio. A arte da paz, experimento.


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E, numa boa, digo pra mim mesmo: não é a economia, estúpido. São os afetos.


É que os afetos é que me animam, dão sentido à minha vida. Quando me lembro quem sou, quem são os que amo, os amigos... o conforto aflora.


*

Pra mim, o sucesso é fruto da identificação. Vejo no outro o que, também, sou.


Quando a sofrência faz sucesso, me alarmo. Mais ainda, quando, tristeza, a violência faz sucesso. Desconfio, quem ama a violência talvez seja violento consigo mesmo. Talvez proíba, em si, o que deseja. Por não se permitir, não permite ao outro.


Quando me incomoda o beijo do outro, o prazer do outro, desconfio de mim. E confirmo, é meu próprio prazer que não me permito.


Semente de conflito, gasto tanto tempo tentando mudar o comportamento do outro que me esqueço de mudar em mim este vício de querer mudar o outro.


*

Por outro lado, só sei de Lula os frutos que dele vi e vivi. Nos seus governos vi gente pobre e negra de cabeça levantada, a estudar em universidades, a ganhar o pão com carteira assinada, a cultivar sua própria cultura, a se alegrar em ser o que é. Vi transparência. Vi gente rica e pobre satisfeita. Vi erros e vi acertos. Mas vivi o governo mais justo e livre que já vivi.


Lula, pra mim, um sucesso. Aprendo com ele. Desejo pra todos nós o que pra mim desejo. Cuido do outro como cuido de mim. Desejo Lula livre. Ele tem feito bem, a mim e ao mundo. Libertário Lula. Lula vive em mim.





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