quinta-feira, 11 de julho de 2024

81 cientista de mim mesmo




81


Uma decisão a cada momento.

Eternas decisões indecisas.


Eterna indecisão, lamento.

Nunca decisão precisa.


cientista de mim mesmo



Mal me conheço. O outro, menos ainda. Talvez por isto falo tanto de mim.


Internamente, critico aquele que possui mais do que usa. E, quem sabe, nem perceba que talvez seja possuído pelo que possui. Imagino, cultiva a posse, é rico em posses. Se não cultiva afetos, empobrece emocionalmente.


Mas não sou justo neste julgamento. Não conheço o outro, mal me conheço.


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Cientista de mim mesmo, como qualquer um que se observe. Uma surpresa, me lembrar que tudo que faço, faço pela primeira vez. É novo, diferente do antes e do depois.


Muitas vezes, me pego, faço uma coisa, penso noutra. Aí, nem percebo o que, automaticamente, faço. Não vivo inteiro nem isto nem aquilo.


Cientista de mim mesmo, só quando experimento em mim o novo. Agora, aprendo viver cada momento. Mas, só quando atento, consciente, descortino melhores jeitos de viver, o bem viver. Quando acerto, me dou um Nobel. Ninguém melhor que eu para premiar-me. Qualquer outro premiará parte de mim, limitado que está o seu conhecimento de mim.


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Mas, cientista de mim mesmo, ouvi pela primeira vez o termo no Terrapia – www.terrapia.com.br – lá na Fiocruz. Marcou, bem, minha vida.


O Projeto Terrapia hoje é um espaço de referência em Alimentação Viva que desenvolve, através de práticas cotidianas, uma culinária brasileira sem cozinhar os alimentos e um modo de olhar o próprio corpo como ecossistema e meio de participação na preservação ambiental. Desenvolve ainda com autonomia o trabalho de receber e orientar novos integrantes, visitantes, estagiários, em Oficinas, Cursos e Vivências, participação em eventos, convênios e parcerias.“


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À procura de sentido para a vida, vivo, penso, escrevo.


O primeiro livro – Uma vida incomum como qualquer um – uma autobiografia difusa.


O segundo livro – O que está ao meu alcance? – metodologias para movimentos individuais e sociais.

O terceiro – O que me toca fica – são sínteses de reflexões.


Uma alegria tê-los escritos e compartilhados. Publiquei, tanto dei, esgotaram. Todos, com acesso gratuito, talvez ainda estejam virtualmente disponíveis na coluna da direita do www.luizsarmento.blogspot.com . Isto assim até agora. Depois, não sei.


Escrevi, também, em parceria com Fátima Setúbal, o Nós sem nós.

E publiquei, com Ana Martinez, o Auto-hemoterapia – Conversa com Dr. Luiz Moura. Este, transcrição do vídeo homônimo que, juntos, realizamos, a partir de perguntas formuladas por Ana.


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Escrevo o que me vem à cabeça, como uma tosca psicografia. Às vezes, texto difuso, tortuoso. Outras, direto, conciso, imagino claro. Alguns carregam dúvidas, certezas do momento, lamentos, insaites. Fora o inesperado, mutante. Se necessário, se com vontade, depois, edito.


Escrever me faz bem. Sinto, meu corpo sara quando exponho minha alma. Sou muitos, único, mesmo incomum como qualquer um. Escrever me facilita gostar mais de mim mesmo. E, aprendo, quanto mais gosto de mim, mais gosto dos outros, mais gosto do mundo.


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Vario, brinco com o ato falho. O que hoje falo, hoje tem um sabor. Se amanhã me calo, amanhã outro valor. Uma decisão a cada momento. Eternas decisões indecisas. Eterna indecisão, lamento. Nunca decisão precisa.


Por mais que eu seja outro, este outro que sou é eu.


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O inferno não são os outros. Desconfio, inferno e paraíso estão em mim. Alguém me disse que alguém disse algo assim: “,,,não importa o que fizeram com minha vida. Importa o que faço com o que fizeram da minha vida”.


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Você vê, meu mundo, meu umbigo. Meu mundo se amplia quando encontro amigos, quando olho pra fora e sinto que sou parte do todo. Faz sentido, pulso, não me limito. Ora ponto, ora infinito.


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Estimulo a coragem em mim. Coragem de ser eu mesmo, realizar meus desejos, me permitir o prazer no viver, experimentar. Em cada coragem, vivo.


Também me acovardo, fujo de mim, não me permito. Em cada covardia, morro.


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Vida consentida, sentido na vida. Meu eu me diz: consinta, viva o sentido.


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Quando sinto saudade, me alegro, sinal de vida nos meus sentimentos. Volta e meia, mato a saudade, vou lá onde for.


Sinto, também, saudades de outras vidas, de outros mundos. Mas quero viver bem e longo. E o aqui e agora devem me agradar, senão fico perdido, vida meio sem sentido. Agora mesmo, o sol me chama, entra pela janela. Qualquer faísca de vontade, me animo, taco fogo e vou.


Saudades, faltam. Faltam parte de mim. Tem vida própria, esta parte que me falta. Emociona. Alegra, entristece lembrar.


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Passar roupa, já não sinto falta, mas cozinhar, voltar tudo pro mesmo lugar, cuidar do outro como de mim, facilitam minha vida. Em qualquer lugar do mundo, tenho estado em casa.


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Ideal, movimento amoroso individual, liberdade. Cada um de acordo com seu próprio desejo e possibilidade.






 

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