quinta-feira, 4 de julho de 2024

86 vaca não dá coca-cola




86


Meus sentimentos, meus pensamentos, minhas conversas giram um tanto em função das informações que recebo.


vaca não dá coca-cola



Vaca dá leite. Se eu esperar que vaca dê coca-cola, devo esperar sentado. Dali não sairá o que espero.


Também assim com outras esperanças. Espero de fulano uma atitude que fulano nunca teve. Ficarei surpreso é se dali não sair o que costuma sair.


Mas me engano com alguma frequência. Desejo tanto algo que espero que outra pessoa realize o meu desejo. E me decepciono por esta pessoa não realizar o que espero.


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Quanto mais conheço uma pessoa, mais sei o que dela esperar, menos me engano. Mas quando pouco conheço uma pessoa – e me interesso por ela – são muitas expectativas. E maiores minhas possibilidades de enganos.


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Muitas vezes, acredito nos meios de comunicação mais do que na realidade. Mesmo que viva num calmo recanto, está presente a maldade do mundo. De fontes que não conheço, sou informado do que de mal acontece no mundo. Vivo com algum medo. E um certo alívio porque não é comigo. Ainda. Preciso me defender. Ou que alguém me defenda.


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As informações que me chegam interferem em minha vida. Meus sentimentos, meus pensamentos, minhas conversas giram um tanto em função das informações que recebo.


Antes, eram jornais, revistas, rádios, tvs. Os interesses de seus proprietários definem o que é publicado.


Realidade e ficção muitas vezes se misturam. De tão repetida e banalizada, a violência é naturalizada. E o medo internalizado.


A possibilidade de violência semeia o medo. O medo acomoda os incomodados. O poder é mantido com violência.


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De repente, outros meios de comunicação. Facebook, blogs, twitter, instagram, telegram, whatsapp… cada clicada que dou, cada palavra que escrevo, cada ideia, cada sentimento que expresso é registrado, arquivado.


Estas informações individuais podem ser utilizadas das maneiras mais diversas. Se procuro um objeto pela internet, logologo me chegarão, sem eu solicitar, ofertas de produtos relacionados a este objeto.


Se eu expressar opinião específica, não demora me chegarão informações relacionáveis à opinião que expressei. O comportamento que eu tenho é decifrado.


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Algoritmo, acho, tem a ver com isto. Mais simples do que parece. Brincadeiras matemáticas virtuais.


Com método – quem comande os meios de comunicação – é possível agrupar pessoas com interesses semelhantes. E, por exemplo, enviar para grupos de seu interesse informações específicas que interfiram em suas opiniões e atitudes.


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Informações, verdadeiras ou falsas, interferem nas vidas de quem chegam. Mentiras – repetidas, repetidas, repetidas – dão, ao falso, vida.


Um poeta previu: perdi minha vida por educação. Hoje, talvez, perdesse a vida por falsa informação.


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Tudo isto tem me alertado sobre a responsabilidade que tenho pelas escolhas que faço. Inclusive as escolhas das informações que pautam meus sentimentos, minhas conversas, meus atos, minhas relações.


Hoje sei da importância do confiar nas fontes dos conhecimentos que me chegam. Erro feio quando me guio por informações falsas. Imagino, se desejo ir a SP e me vejo noutra estrada que me leva à cidade errada. Ou, se desejo a paz e as informações que recebo me despertam a guerra. Falsas informações me desnorteiam.


Confio em meus amigos. Com eles, fico à vontade, relaxo. São confiáveis as informações que trocamos, especialmente quando falamos das nossas experiências, do que vivenciamos. Ali, é fácil chegar à fonte. Conhecemos a fonte da informação.


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Estava perdido. Vislumbro alguma luz neste escuro túnel. E esta luz me vem de dentro. Uma faísca de alegria ao me lembrar do que posso. Também posso escolher o que vivo, escolher quem sou. Nas pequenas escolhas, defino minha vida. Simples assim.


Cada escolha que faço provoca suas consequências. Se me foco nas desgraças, desgraçado me sinto. Se me foco no bem-estar – meu e de todos – bem me sinto. Se respiro ar pesado, dor de cabeça. Se como algo errado, má digestão. Se engulo qualquer notícia, me aprisiono. Se seleciono o que em mim entra, seleciono o que sinto e vivo.


Eu – como, acredito, cada um de nós – posso ser governador, presidente, do meu amor, da minha mente.


Posso escolher, em cada momento, o que leio, o que ouço, o que como, o que respiro, o que penso, o que faço. Este meu desafio, fazer a melhor escolha, definir o que sinto e vivo, neste mundo, do jeito que este mundo é.


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Tento entender os movimentos do mundo, enquanto aprendo realizar os meus próprios movimentos. Sinto, rejuvenesço.







 

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