domingo, 18 de agosto de 2024

55 inesperado



55


Ai, ui, ai. Quero mamãe, quero papai.


inesperado



A vida, querida, como o avião, como a alma, lenta e turbulenta, rápida, tépida, lépida, calma. Ou não. Isto, nas nuvens. Cá inrriba, anjos indicam Deus por perto. Milagre, pesadão, voa o avião. Eu, tento, num saio do chão.


Cada dia, novo como um ovo, igual como habitual. Isto quando o tempo menos que um momento. Tudo dúvida, passatempo, nado no nada. O que fica, a risada. Laço mesmo, o abraço. Mais que fica, a gargalhada. Pica, picada. Amor que fica.


No fundo, mesmo neste mundo, incrível, vagabundar é possível. Há que tentar, uma Arte. Difícil é suportar alegria todo dia.


Veja você, ser pai é paidecer. E mãe, amãementar até morrer de amar. Amor de mãe, eternamente terno. Céu e inferno, isto de eterno. Certo mesmo, o presente. Sente. Tente. Nunca igual, como habitual, normal.


Temos tanto em comum. Talvez sejamos um. Destino, desde menina. Sina. Bonjour, amour. Agora é isto a vida, voar sem eira nem beira, brincadeira. Sinto, desaperto o cinto.


*

Jovem, tou no ar, tou no chão. O coração um mar, a cabeça um furacão. Alegria na minha alegria, tristeza somada à minha. Desfiladeiro, vulcão. Paixão, mergulho, paixão.


Nem sempre, o casamento por exemplo. Você sofre com o que sou. Eu sofro com seu sentimento. Passamos a vida assim: acolho seu lamento, você chora por mim. Em mim censura o que, em você, não se aventura. Passada a loucura, passada a paixão, não sou seu pai bom nem minha a mãe pura. Loucura, tormento, suportável tortura. Anta, jumento, capenga procura. Não lhe dou a segurança que me pede, não me dá o colo que imploro. Um muleta do outro. De repente, bodas de ouro.


Às vezes, o que me proíbo em outros critico. Se não me permito, a outros inibo.


Ai, ui, ai. Quero mamãe, quero papai.


*


Lembretes. Meu corpo é um convite pro meu enterro. Minha razão, um acinte, este meu erro. Quando acordo, acorda a razão. Se adormeço, inconsciente visão.


O que pro futuro planejo, é o que hoje desejo.


Se deixo vagar minha mente – bem, se bem devagar – esqueço, desleixo, vago no ar.


Talvez, o que hoje falo, hoje tem um sabor. Se amanhã me calo, amanhã outro valor. Uma decisão a cada momento. Eternas decisões indecisas. Eterna indecisão, lamento. Nunca decisão precisa.


*

Mentiras. Olhos, ouvidos, nariz percebem uma situação. A realidade contradiz o rádio, jornal, televisão. Que má sorte, associam o cigarro à vida, veja a publicidade. É a morte.


Muito do que penso verdade – novela, show, ficção – vem do que me disseram, notícias, informação.


Verdades mesmo não eram. Meio falso, meio vão. Cortinas, desvios, quimeras. Meios d'incomunicação


*

Acredito mais na realidade que percebo. Desconfio do que me chega pela internet, através de quem inda não conheço.


E também desconfio do que me vem através dos grandes jornais, rádios, revistas, tvs. Muitas vezes, misturas de ficção e realidade. Maldade.


Mesmo me sentindo mal-informado socialmente – e, assim, um tanto impotente – tenho me alegrado e fortalecido no trato amigo com amigos, nos cuidados comigo e com quem me relaciono e convivo. Noutro espaço, nem sei nem me acho. Já, aqui, me sinto potente e vivo.







 

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