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A grade que me protege é a mesma que me aprisiona.
eu era pobre e não sabia
Quando escrevo, me organizo. Lembro o que sinto. Expresso meu mundo. Aprendo a me compreender, me aceitar. Facilita aceitar o outro, diferente de mim e um tanto semelhante. Escrever é um risco. Arrisco.
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Gosto do ditado popular: quando a boca cala, o corpo fala, adoece. Quando a boca fala, o corpo cala, sara.
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Eu era pobre e não sabia. Na minha infância, dentro de mim, não soube de faltas até o momento em que, na cidade maior, vi a vitrine. Desejei o que não tinha. E por muitas vezes me angustiei por não me suprir com as novas necessidades criadas.
Demorei meia vida para compreender que o que aparentemente possuo é que me possui. O carro me pede manutenção, taxas, estacionamento, gasolina, óleo. O cachorro solicita atenção, alimentação, passeios, cuidados. Minhas posses me aprisionam. A grade que me protege é a mesma que me aprisiona.
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Aparentes pobrezas escondem riquezas. Lembro Adalberto de Paula Barreto, psiquiatra humanista, criador da Terapia Comunitária, que, em relação à Europa, fala de favelados existenciais. Lá, riquezas aparentes escondem pobrezas emocionais. Em muito, desconfio, favelas e europas se complementam. Talvez aprendam uns com outros. Só questão de boa vontade, desejos e gestos.
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Tenho medo do que desconheço quando vivo, agora, um futuro que desejo. Tento, aprendo de qualquer jeito, quando erro, quando acerto. Tem sido bom viver agora a vida serena que desejo, quando suporto o prazer.
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Ouvi dizer que Nietzsche disse algo como “Mentir pro outro pode ser fácil. Difícil é mentir pra mim mesmo.”
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Chico Buarque lembra: “...a raiva, filha do medo, mãe da covardia”. Eu descubro em mim: a crítica constante ao meu jeito de ser me ameaça. O que me ameaça, me provoca medo. Minha raiva nasce do meu medo. Meu medo e minha raiva voltam-se para quem me incomoda. Fujo, me afasto de quem me ameaça. Não sei, ainda, expressar raiva. Estão de dieta, em mim, tanto raiva quanto medo, me recuso alimentá-los.
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Só eu sinto o que sinto. Ninguém mais, além de mim.
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Rodopio, vou e venho. As incertezas me montam. Certezas, mesmo, não tenho.
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Meta de poeta: toda hora, todo dia, escolho viver, no agora, a possível alegria.
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Tem me facilitado a vida, a compreensão: este meu Deus se alegra, se contagia com minha alegria.
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Cada vez mais, constato: pensamentos, sentimentos, falas, meus atos – de fato – decorrem de escolhas que faço.
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Eterna idade: às vezes, muitas, velho livro, novidades.
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Idade
terna, eterna idade. Leveza no ser, pura beleza. Espiritualidade.
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No caminho da felicidade, vale a boa vontade
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Terceira, quarta idade… eternidade...
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A liberdade que desejo, a vida que imaginei futura, me anima vivê-la, um tanto dela, já, com o que está ao meu alcance. Tento a toda hora. Levanto, delimito o que posso, me limito ao que quero. E me alegro. Alimento minha alegria, dia e noite, noite e dia. Quando estou contente, este meu caminho. Se descontente, busco prumos, outros os rumos. Mas, mais que só eu, bom mesmo é estarmos contentes.
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A sete palmos, quando sob o mármore, calmo, calmo, calmo, espero, virarei árvore. Já quando pó, eu só, sem dó, alimento a planta que me suplanta.
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