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Quem participa dos frutos – dos lucros –
do seu trabalho, cuida do trabalho, do empreendimento, como se fosse seu.
E é.
tanta coisa na cabeça
Agradeço àqueles que cultivam a terra, que produzem, que transportam, armazenam, comercializam o que como, comemos.
Agradeço àqueles que canalizam a água, a mantém potável, fazem a água chegar até mim, até nós.
Agradeço àqueles que facilitam minha vida, me respeitam e a si, se educam e a mim, amam a si e ao outro, que sou eu e outros e outras.
Agradeço àqueles que me fazem bem e nem me conhecem. Sinto, somos mutantes, vivas tribos, semelhantes.
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Aqui ao meu redor, atento, tento fazer o que está ao meu alcance, ao aprender a cuidar de mim como do outro, ao cuidar de outros como de mim.
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Este meu desafio constante, ser mutante, semelhante.
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Inda não aprendi esconder os cheiros de meus medos.
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Minha fortuna, meu infortúnio. Meu prisioneiro, minha prisão. Descubro, aliviado, o que possuo me possui. Não sou eu que tenho o cachorro. O cachorro é que me tem. Vivo, um tanto, em função do que o cachorro me solicita. E, bobeira, se tenho um bibelô, passo parte da vida inteira a passar espanador. Dinheiro, então, um trabalhão danado. Ganhar, perder, manter o safado. Lembro um poeta: perdi minha vida por educação.
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Responder, responder, não consigo: o que acumulo, por quê?
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Como limite, internalizo uma regra de ouro: não faço a outro o que não desejo me façam.
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O movimento hippie ampliou meu mundo. Tudo tão novo e tão simples. A comida, a música, a atitude, o amor.
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Sou melhor escutado quando falo do que vivo. Sou menos escutado quando falo o que outro deve ser, fazer.
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Eu me interesso mais pelo que o homem é do que pelo que diz.
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Tenho tido o maior cuidado com minhas expectativas, especialmente em relação a outro. Se não falo do meu desejo para o outro, como o outro saberá do meu desejo?
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Quem participa dos frutos – dos lucros – do seu trabalho, cuida do trabalho, do empreendimento, como se fosse seu. E é.
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E quando, ao espelho, me pergunto: o que está ao meu alcance, hoje, pra tornar este mundo melhor? Uma resposta, entre muitas que inda desconheço, me vem:
cuidar de mim, cuidar do outro como cuido de mim. Cultivar a todo momento os afetos que me fazem contente, com os que comigo se relacionam e estão ao meu alcance:
o jornaleiro, o feirante, o trocador, o motorista, o comerciário, o camelô, os filhos, os vizinhos, as amigas, os amigos, os que me servem, a quem eu sirvo, os doentes, os sãos, os parentes… e cada um com quem cruzo na rua e se, antes, não via, agora, atento, vejo. É meu desejo: aprendo a cuidar do outro quando cuido de mim. Gentileza gera gentileza. E, quando não gera, é que o outro inda não aprendeu. Ou não aprendi, eu.
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Minha vida está melhor quando conheço um pouco mais de mim mesmo. Quanto mais me conheço, melhor cresço.
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Nem sempre é, nem sempre foi assim, diferente. Cientista de mim mesmo, descubro: estou rico quando estou contente.
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Como todos, acho, primeiro vem o sonho, a ideia, depois a realização. As ideias vêm quando relaxo, me permito.
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