domingo, 18 de junho de 2017

Pra não ter mais agenda - uma vida incomum como qualquer um 42

  




Pra não ter mais agenda

1
Ser ético é um estado de espírito?

2
A existência de uma instituição pública só é possível pelo que já tem: base política que possibilita base financeira, base física e, o próprio fim e meio, base humana.

Quando a ética está presente, estas estruturas possibilitam um cotidiano que inclui cuidados com os recursos, com os conteúdos, com os públicos e com quem cuida. Todos ganham.

3
Conteúdos inadequados estimulam inclusões sociais subordinadas a culturas retrógradas. Vide, por exemplo, grande parte dos programas de TV.

4
De outubro de 2000 a maio de 2011 trabalhei no Sesc Rio. Em momentos inseguros, me pautei pela sua missão, vigente quando fui contratado. E com a qual me identifiquei. Na tentativa de manter-me saudável, procurei a todo momento separar minha loucura da do outro. Um tanto porque o que faz me sentir ameaçado – e posso por isto adoecer – é ter minha vida pautada por quem não me conhece e nem eu próprio conheço.

Escrevo isto, confesso, para manter-me vivo. Sei que quando a boca cala, o corpo fala. E quando a boca fala, o corpo sara.

5
Agosto 2009. Ahora, além de las redes comunitarias, las terapias comunitarias. Gravo algumas entrevistas, reuniões... e uma ou outra vai pro youtube e pra canais comunitários de tv. Uma ideia anda me rondando, estamos devagarzinho experimentando. Michel tem viajado bastante pelo mundo, grupos com homens especialmente... Auto-hemo volta e meia faço: o movimento se espalha pelo mundo. Já há no youtube versão em espanhol. E logologo em inglês e esperanto. Tudo por iniciativa de um e outro que tem se beneficiado.

No meio destes ventos, intuitivamente vou me organizando pra não ter mais agenda. É o que desejo, acordar e descobrir o que fazer ou não. Saúde boa, um pouco de ioga diária, alimentação mais pra leve. Filmes, mais as comédias. Enfim, vida boa...

6
Do que me lembro, por orientação e insistência do meu querido dentista, tomei alguns comprimidos quando do implante de quatro dos meus dentes. Mas, fora isto, há mais de 10 anos não uso remédio alopático, de farmácia. Em casa, nem mercúrio cromo. Gripe, passa longe. Dor de cabeça, estresse, pânico... só sei de escutar. Exceção, A Maravilha Curativa tenho em casa.

De um lado, procuro separar as loucuras que são minhas das loucuras que são do outro. Ou as responsabilidades que são minhas das que são de outros. Já não carrego nos ombros o que independe de mim. Sou só solidário. De outro, nos últimos anos, uns meses sim, outros não, reforço minha imunidade ao retirar um pouco de sangue de minha veia e aplicar em meus músculos. Nenhuma contraindicação. Só saúde. É a auto-hemoterapia.

7
Me interesso pela articulação de uma rede de veiculação de informações estimuladoras de crescimento emocional. Tenho, na verdade, visto como folhas em branco de caderno novo estas oportunidades que, à primeira vista, parecem problemas...

8
Estive em Vila Aliança ontem de novo. Impressionantes os helicópteros blindados sobrevoando a comunidade, enquanto embaixo viaturas da polícia e homens a pé buscavam seus alvos. Doze carros da imprensa acompanhavam a invasão. O morador mais próximo: lá vão os urubus.

Nossa reunião de planejamento de Desenvolvimento Local de Vila Aliança acontecia paralela e, conforme o local dos confrontos mudava, mudávamos de sala. Sei que não sou de heroísmos, nem intenciono. Mas tudo isto reforça em mim o valor do que fazemos, cuidando das plantinhas aqui dentro e lá fora. Mas aprendi que só posso dar o que tenho...


Luiz Fernando Sarmento

















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