uma vida
incomum como qualquer um 18
balanços
Li, outro
dia, um trecho de Freud que fala de mim, de você, sem nos conhecer.
De repente,
me pego em pleno apego ao meu ego.
Que prazer! Boas novas, isto de ler sem fazer provas.
Devo guardar como lembrança: dentro do incêndio, só
vejo chamas. Se fora, esperanças. O que desejo, a vista alcança.
No fundo, se confuso, complico, confundo, conflito,
confronto.
Qualquer emoção, minha rotina vira exceção.
Tempos
passados
Tenho tido prazer em levantar cedo e escrever sem
compromisso. Gravar situações emocionantes também é prazeroso. A ansiedade, desconfio,
vem da inclusão de limitações ao tempo. Determinar datas me obriga a cumpri-las.
E aí, já sei, minhas escolhas perdem sentido. Que fazer?
Uma primeira opção é respeitar os tempos naturais, meus
e dos outros. Mas, como Lennon já disse, a vida acontece enquanto a gente
planeja. Tudo muda num instante. Aliás, como sou o que aprendi, li, escutei...,
toda ou quase cada letra – palavra, oração, frase... – que escrevo merece
citação de quem a inventou, descobriu, idealizou. Porém, ai, porém,
sinto, as ideias estão no ar. É só relaxar que elas chegam, pra mim, pra
outros.
Em cada caminho que faço...
construo,
omisso e em atos, cantinhos, buracos, regatos. Lá no fundo, sei o que me faz
mal, o que me faz bem.
Em
cada alegria, vivo. Em cada tristeza, morro. Ao meu lado vivo, peço socorro.
Enfim, sou remédio de mim. Assim, sou um homem incomum, como cada um.
Escolho
que morro a cada vez que me mato num ato que faço. Escolho que vivo, e consigo,
a cada cuidado que tenho comigo.
Quando
agitado, namoro, me acalmo.
Racionalizo
tudo. A emoção emerge e prevalece.
Movimento,
se se institucionaliza, deixa de ser movimento. Paralisa.
Movimento
paralisa, se se hierarquiza.
Tão
bom, não ter prazos. Nem pressões, nem atrasos.
Algumas
respostas...
estão nas perguntas. Algumas perguntas
já trazem respostas. Não consigo responder: o acúmulo, pra quê?
Não
pessoa sou eu, quando passo e nem me veem. Não pessoa é o outro, invisível aos
meus olhos.
Sou muito novo pra ser velho.
Admito, outra gente sente diferente do
que sinto. Ao pio sofrimento da dor, prefiro o arrepio do amor.
Sou conservador. Conservo o que me faz
bem. Mas, antes de ser ou não ser, em cada momento, estar ou não estar.
Recreio: a massagem é a mensagem. Inda
mais que, bobagem, bobeira, a massagem nasceu da coceira.
Se estou bem e faço mal a ninguém, que
mal que tem...
Luiz
Fernando Sarmento
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