filmes na quarentena
(escrevi há dois ou três anos}
.1.
O que me toca, fica – me emociono com filmes que mme pegam de jeito. Minha memória emocional vive. Gosto muito daqueles que me facilitam sentir-me melhor depois que assisto.
.2.
Moro meio no meio do mato, minha vida simplificada inclui acesso à internet. Infinitas mensagens. Fujo. Tateio o aqui e agora.
.3.
Recreio do dia, vejo um filme, me deixo levar pelo que me toca, imagens e sons. Assisto conversas que me interessem, depoimentos, documentários, um standUp – “estandarte” como brinca o mineiro Stevan Gaipo.
.4.
Criamos, com amigos próximos, no WhatsApp, o grupo Filme Bom. Cada um, de acordo com seu desejo, compartilha filmes que lhe toca. Variam os amigos, os gostos, os filmes. Uma e outro põem ou retiram dali o que lhes interessa. Aprendemos nos facilitar o que nos torna mais gostosa a vida.
.5.
Filmes, normalmente, assisto no Netflix. Ali, um mundo. Vou direto pros indicados por quem tem gosto semelhante ao meu. Eventualmente pesquiso por diretores, atores, países, gêneros – adoro comédia – ou arrisco a esmo.
Tenho me surpreendido com os argentinos, franceses, ingleses, escandinavos, catalões.
.6.
Não sei descrever meu gosto. Sei que gosto de bons humores, o que me faz rir, refletir. Passeio, mergulho em depoimentos pessoais, falas essenciais, emoções prazerosas. E me presenteio com saques inesperados, compreensões emocionais.
.7.
Não assisto o que me desperta desassossegos. Brinco comigo, não sei se verdade: o masoquista se alegra com o alívio da dor. Talvez por isto bote um bode na sala... e relaxe quando o bode sai.
.8.
Eu me impressiono, me impregno do que vejo, fico com aquilo em mim. Meu humor varia em função do filme que vejo. Quase se como eu tivesse poder de escolher o meu humor.
Sinto isto do livro que leio, da conversa, comida, lugar, companhia com quem esteja. Se me emociona, me marca.
.9.
Zapeio o Netflix. Tem audiovisuais pra todos gostos. Seleciono e experimento ver. Fico no que me toca.
Dos filmes que vi, lembro com alegria de “Minha obra prima”, comédia argentina. “Dois papas”, encontro de Francisco e Bento, baseado em fatos reais. “O que as mulheres querem”, comédia francesa escrita, dirigida por mulheres. Delicadeza, beleza.
Vou de um país a outro. “Assunto de Família”, japonês, inesperado. “Sete dias sem fim”, encontro de família, comédia americana. Como "Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe".
"O Pequeno Nicolau", francês – o olhar de um menino, sua família, sua turma – me leva pra infância.
.10.
Leves lembranças, mais que difusas, tenho de "Namorado de Natal", "Toc Toc". “Segredos de Natal”, "O Despertar de Motti".
“Se Eu Fosse um Homem", "Como Eu Era Antes de Você", "37 segundos", "A Ditadura Perfeita", “Você nem imagina”, “Vestígios do dia”. E, bom que não fugi do título em inglês “The fundamentals caring”.
”Com amor, Van Gogh”, “Vamos todos morar juntos?”, “Cidadão ilustre”, "História de um Casamento", "Viver Duas Vezes".
“Vinicius de Moraes”, “Laerte-se”, “Davis Miles”, “What happened miss Simone?”, “Rolling Thunder Revue”, turnê de Bob Dylan pelos Estados Unidos, anos hippies, ”O barato de Iacanga”, festival brasileiro dos anos 70. “Raul, o inicio, o fim, o meio”, “Só o céu como testemunha”.
.11.
Viajo na memória recente. “A História Oficial”, a Argentina numa fase difícil. ”A Noite de 12 anos”, um trecho da vida de José Mujica. “A Democracia em Vertigem”, documentário do Brasil de quase agora, uma aula quase viva de História.
Filmes assim me levam para o depoimento de Fátima Setúbal em “História do Brasil - Memórias de uma menina na noite escura da ditadura” – este, no Youtube.
.12.
Não sou crítico de cinema, aqui só opino, falo de filmes que me afetam. Vario nas visões - espiritualidade, outras janelas, outros planos, outros mundos, outros eu. E fugo de sustos, angústias, medos, raivas, sentimentos de impotência.
.13.
Além de filmes, viajo no mundo das séries, dos documentários, depoimentos, standUps, também no Youtube. Mas aí é outra história.
Luiz Fernando Sarmento
www.luizsarmento.blogspot.com
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