Eu
era pobre e não sabia
Ludemir, Jung, Feitosa, Alvito e mais
01
Ludemir mergulha onde vive e relata. Conheço um
pouco de favela também através do que escreve. Sou um tanto favelado, somos
semelhantes pelos sentimentos.
02
Outro tanto de favela conheço através d’As
Cores de Acari, de Marcos Alvito.
Aparentes pobrezas escondem riquezas. Lembro Adalberto de Paula Barreto, que,
em relação à Europa, fala dos favelados existenciais. Lá, riquezas aparentes
escondem pobrezas emocionais. Em muito, desconfio, favelas e europas se
complementam. Talvez aprendam uns com outros. Só questão de desejos e gestos.
03
Em Por Uma Pedagogia da Pergunta, Antonio
Faundez conversa com Paulo Freire. Diz que a cultura não é apenas uma
manifestação artística ou intelectual que se expressa através do pensamento. A
cultura se manifesta nos gestos mais simples do cotidiano. Cultura é comer de
maneira diferente, é relacionar-se com o outro de maneira diferente.
4
Mirian Goldenberg, na Folha de SP, diz que
seus “...pesquisados apontam três ingredientes no casamento: amor, paixão e
amizade. O amor aparece como um sentimento amplo e difícil de ser definido. É diferente
da paixão, inicial e provisória, que se transforma em amor ou acaba.”.
5
Procuro me conhecer? Atento, tento, ao
sentimento, ao pensamento, à palavra, à obra?
6
David Bornstein, em Como Mudar o Mundo,
estimula quem tem ideias inovadoras focadas no bem-estar coletivo.
7
Já Charles Feitosa, em Explicando
Filosofia com Arte, trata de questões profundas de uma maneira tão
acessível... e quando a gente menos espera se vê refletindo sobre o todo, o
nada, o essencial.
8
Gosto da superfície, de orelhas de livros,
mas eventualmente mergulho, me aproximo do meu próprio inconsciente, do
inconsciente de outros, do inconsciente coletivo, que está aqui e ali e não sei
direito o que é. Carl Gustav Jung me ajuda, permanece vivo. Tanto através de
Nise da Silveira, que escreveu Jung, Vida e Obra, quanto através de suas
Memórias, Sonhos e Reflexões e d’O Homem e Seus Símbolos,
finalizado poucos dias antes de sua morte. Jung dedicou a vida à compreensão dos
sonhos, dos mundos interiores.
9
Thomas Szasz me ensinou a cuidar de tratos. Nem
me lembro como, mas ficou em mim um tanto de sua A Ética da Psicanálise.
10
Eu era pobre e não sabia. Na minha infância,
dentro de mim, não soube de faltas até o momento em que, na cidade maior, vi a
vitrine. Desejei o que não tinha. E por muitas vezes me angustiei por não me
suprir as novas necessidades criadas. Demorei meia vida para compreender que o
que aparentemente possuo é que me possui. O carro me pede manutenção, taxas,
estacionamento, gasolina, óleo. O cachorro solicita atenção, alimentação, passeios,
cuidados. Minhas posses me aprisionam.
Luiz
Fernando Sarmento
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