uma vida incomum como qualquer um 37
sensação de juventude
Isto de sensação de vitalidade, sinto que tem
a ver com minha constante tentativa de fazer o que meu coração diz. Desde que
me lembro.
Mudanças de rumo, cidade, profissão, um tanto
incompreendido, outro tanto aceito. Agora mesmo, estável na multiplicidade do
que faço, invento, uma recorrente vontade de simplificar o ser e o fazer. Neste
agosto de 2008, crente na criação de um sistema mutante de comunicação, de um lado
ligado numa rede autônoma de agências de inFormações – jajá me explico –
e de outro, sob o mesmo guarda-chuva, em plena produção de uma série de
classificados sociais em vídeo. Além das Terapias Comunitárias, rodas práticas
e vídeos.
Tudo considerando o processo que vai da ideia
à interação, passando pela preparação, produção, gravação, edição, divulgação,
veiculação, retorno. Considerando os recursos que disponho ou tenho acesso.
Tudo muito singelo.
Sou uma peça de movimentos de pessoas com
desejos comuns. Funciono a partir da participação de quem deseja e toma
iniciativa de contribuir com o que escolhe. Tudo muito aparentemente confuso como
qualquer movimento, onde equilíbrios se dão de maneira dinâmica, em espiral, em
ondas que vêm e vão, desaparecem e renascem. Caos que antecede ordem que
antecede caos.
Movimento talvez semelhante ao que compreendo
como tese, antítese, síntese. Sem metas quantificadas, só objetivos difusos,
uma vez que, se sei, talvez saiba um pouco do que não sei, do que não desejo.
Aspiro este bem-estar que volta e meia sinto, indefinível como o gosto do pequi
e como a sensação que me inclui no todo. Assim, nestes momentos, quando desejo
pra mim, desejo pra todos. Que não são todos, é todo, é um, também eu.
Os produtos carregam as intenções, são partes
dos gestos. Parece confuso e é, enquanto não se torna claro, o que depende de
quem vê. Também assim, cada olhar determina a realidade que lhe corresponde.
Até onde agora enxergo, a aceitação de mim como sou – com as diversidades dos meus
instantes – pode ser caminho para a aceitação do outro? Este outro que faz
parte do todo do qual também participo. Se me aceito, tendo a aceitar ao outro.
A livre associação me leva à dica de Gentileza,
o homem > Gentileza gera Gentileza. Mas sou muito prático. Quando
relaxo e me vêm ideias, se uma ideia me toca, fica. Se desejo, raciocínio ao
inverso. Relaciono o que é necessário para realizar o que agora é desejo.
Decupo em tarefas o que me leva à sua realização. Abro colunas numa tabela.
Além das tarefas, avento os tempos, os custos, quem poderia se interessar por
realizar uma e outra, anoto observações. Dá mais certo quando trabalho partes
do meu ego, já que lá mais fundo permanece um orgulho silencioso pelo que
contribuí.
Domingo chuvoso, escolho agora entre ler
Caetano Veloso – Verdade Tropical – e me mover para rever Pedro, meu
filho. Bom problema esta escolha, ambos me surpreendem, confortam, alegram.
Luiz
Fernando Sarmento
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