Procuro estar atento a meus sentimentos.
Percebo que vivo o que sinto.
E mais:
só vivo o que percebo do que sinto.
Percebo, também,
que um tanto do que sinto
tem relação com os atos que, antes, faço.
Aparentes pequenos atos definem o que,
dali a pouco,
sinto, sentirei.
Como exemplos,
se ligo a tv, sinto indignação,
raiva, tristeza, impotência.
Se dou uma garfada a mais,
quase certo,
terei refluxo, azia, dormirei sentado.
Se bebo o que não devo,
ressaca.
Se falo o que não devo,
ouço o que não quero,
brigo.
Se vejo cenas de terror,
sinto terror.
Se triste a música,
tristeza me assola.
Aprendo que sou,
muito mais que imaginava,
um tanto responsável
pelo que sinto,
pelo que vivo.
Pra mim, aprendo,
não posso mentir,
é assim:
sou eu quem escolho
o que ouço, o que vejo, o que como,
o que toco, o que falo, o que faço.
E o que penso.
E o que sinto.
E o que vivo.
Um tanto, um tantão,
sou eu quem escolho
o que sinto no coração.
Em síntese,
como qualquer um,
cientista de mim mesmo, descubro:
só me percebo vivo
quando sinto.
E só vivo
o que percebo
do que sinto.
Descobrir isto em mim,
agora,
tem me possibilitado definir,
um tanto,
minha vida.
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