quarta-feira, 7 de março de 2018

eu gostaria






Eu gostaria:

dar abraços no policial da esquina
como vi em Moçambique
militares abraçados a civis

Eu gostaria sentir-me protegido por policiais
como vi em Amsterdam policiais protegerem
o namoro de quem namora

Eu gostaria que a arma do policial
fosse sua ética, seu olhar, sua palavra,
seu afeto que educa


Mas me lembro:

em quantos anos os vikings
aprenderam a ser suecos?

Se algum movimento houver nesta direção,
talvez meus trinetos vivam o que eu gostaria.

Há alguma esperança em mim?


Mesmo assim, hoje,
permanecem dúvidas:

Policial existe para
proteger cada um de nós?

Policial e militar
têm mesmas funções na sociedade?

Policiais têm formação militar?

Policiais são selecionados
entre os maltratados na infância?

Policiais estão servindo a qual público?

A formação dos policiais
é violenta com os próprios policiais?

Ensina-se aos policiais
como cuidarem do outro
como desejam ser cuidados ?

Quem forma os policiais
tem formação ética?


E quando me pergunto,
ao espelho:

o que está ao meu alcance, hoje,
pra tornar este mundo melhor?

Uma resposta,
entre muitas que inda desconheço,
me vem:

cuidar de mim

cuidar do outro
como cuido de mim

cultivar a todo momento os afetos
que me fazem contente,
com os que comigo se relacionam,
e estão ao meu alcance:

o jornaleiro, o feirante, o trocador, o motorista,
o comerciário, o camelô, os filhos,
os vizinhos, as amigas, os amigos,
os parentes e cada um com quem cruzo na rua
e desejo de coração que escolha um bom dia

alguns que pensam têm razão:
aprendo a cuidar do outro
quando cuido de mim

minha vida está melhor
quando conheço um pouco mais
de mim mesmo

gentileza gera gentileza,
e quando não gera
é que o outro inda não aprendeu

muito mais escreveria
ao redor da mesma questão,
que parece permanece:

rico é quem está contente?







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