Eu gostaria:
dar abraços no policial da esquina
como vi em Moçambique
militares abraçados a civis
Eu gostaria sentir-me protegido por policiais
como vi em Amsterdam policiais protegerem
o namoro de quem namora
Eu gostaria que a arma do policial
fosse sua ética, seu olhar, sua palavra,
seu afeto que educa
Mas me lembro:
em quantos anos os vikings
aprenderam a ser suecos?
Se algum movimento houver nesta direção,
talvez meus trinetos vivam o que eu gostaria.
Há alguma esperança em mim?
Mesmo assim, hoje,
permanecem dúvidas:
Policial existe para
proteger cada um de nós?
Policial e militar
têm mesmas funções na sociedade?
Policiais têm formação militar?
Policiais são selecionados
entre os maltratados na infância?
Policiais estão servindo a qual público?
A formação dos policiais
é violenta com os próprios policiais?
Ensina-se aos policiais
como cuidarem do outro
como desejam ser cuidados ?
Quem forma os policiais
tem formação ética?
E quando me pergunto,
ao espelho:
o que está ao meu alcance, hoje,
pra tornar este mundo melhor?
Uma resposta,
entre muitas que inda desconheço,
me vem:
cuidar de mim
cuidar do outro
como cuido de mim
cultivar a todo momento os afetos
que me fazem contente,
com os que comigo se relacionam,
e estão ao meu alcance:
o jornaleiro, o feirante, o trocador, o motorista,
o comerciário, o camelô, os filhos,
os vizinhos, as amigas, os amigos,
os parentes e cada um com quem cruzo na rua
e desejo de coração que escolha um bom dia
alguns que pensam têm razão:
aprendo a cuidar do outro
quando cuido de mim
minha vida está melhor
quando conheço um pouco mais
de mim mesmo
gentileza gera gentileza,
e quando não gera
é que o outro inda não aprendeu
muito mais escreveria
ao redor da mesma questão,
que parece permanece:
rico é quem está contente?
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