quarta-feira, 7 de março de 2018

sensação de juventude - uma vida incomum como qualquer um 37


    







sensação de juventude


cada ato meu, um ato político

mesmo um ato raquítico,
um ato político


Isto de sensação de vitalidade, sinto que tem a ver com minha constante tentativa de fazer o que meu coração diz. Desde que me lembro.

Mudanças de rumo, cidade, profissão, um tanto incompreendido, outro tanto aceito. Agora mesmo, estável na multiplicidade do que faço, invento, uma recorrente vontade de simplificar o ser e o fazer. Neste agosto de 2008, crente na criação de um sistema mutante de comunicação, de um lado ligado numa rede autônoma de agências de inFormações – jájá me explico – e de outro, sob o mesmo guarda-chuva, em plena produção de uma série de classificados sociais em vídeo. Além das Terapias Comunitárias, rodas práticas e vídeos.

Tudo considerando o processo que vai da ideia à interação, passando pela preparação, produção, gravação, edição, divulgação, veiculação, retorno. Considerando os recursos que disponho ou tenho acesso. Tudo muito singelo.

Sou uma peça de movimentos de pessoas com desejos comuns. Funciono a partir da participação de quem deseja e toma iniciativa de contribuir com o que escolhe. Tudo muito aparentemente confuso como qualquer movimento, onde equilíbrios se dão de maneira dinâmica, em espiral, em ondas que vêm e vão, desaparecem e renascem. Caos que antecede ordem que antecede caos.

Movimento talvez semelhante ao que compreendo como tese, antítese, síntese. Sem metas quantificadas, só objetivos difusos, uma vez que, se sei, talvez saiba um pouco do que não sei, do que não desejo. Aspiro este bem-estar que volta e meia sinto, indefinível como o gosto do pequi e como a sensação que me inclui no todo. Assim, nestes momentos, quando desejo pra mim, desejo pra todos. Que não são todos, é todo, é um, também eu.

Os produtos carregam as intenções, são partes dos gestos. Parece confuso e é, enquanto não se torna claro, o que depende de quem vê. Também assim, cada olhar determina a realidade que lhe corresponde. Até onde agora enxergo, a aceitação de mim como sou – com as diversidades dos meus instantes – pode ser caminho para a aceitação do outro? Este outro que faz parte do todo do qual também participo. Se me aceito, tendo a aceitar ao outro.

A livre associação me leva à dica de Gentileza, o homem > Gentileza gera Gentileza. Mas sou muito prático. Quando relaxo e me vêm ideias, se uma ideia me toca, fica. Se desejo, raciocínio ao inverso. Relaciono o que é necessário para realizar o que agora é desejo. Decupo em tarefas o que me leva à sua realização. Abro colunas numa tabela. Além das tarefas, avento os tempos, os custos, quem poderia se interessar por realizar uma e outra, anoto observações. Dá mais certo quando trabalho partes do meu ego, já que lá mais fundo permanece um orgulho silencioso pelo que contribuí.

Domingo chuvoso, escolho agora entre ler Caetano Veloso – Verdade Tropical – e me mover para rever Pedro, meu filho. Bom problema esta escolha, ambos me surpreendem, confortam, alegram.


Pra ler no banheiro

Somos um.

Que coisa boa, só ser, ganhar o tempo por prazer.

Ai, que dificuldade d’eu ser eu mesmo diante do outro.

Se sinto, vivo.
Só vivo o que percebo do que sinto.
Sinto, percebo, vivo.

Mais que penso, sinto. Logo, existo.

Que alegria, escolho boa companhia.


Luiz Fernando Sarmento













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