sensação de juventude
cada ato meu, um ato político
mesmo um ato raquítico,
um ato político
Isto
de sensação de vitalidade, sinto que tem a ver com minha constante tentativa de
fazer o que meu coração diz. Desde que me lembro.
Mudanças
de rumo, cidade, profissão, um tanto incompreendido, outro tanto aceito. Agora
mesmo, estável na multiplicidade do que faço, invento, uma recorrente vontade
de simplificar o ser e o fazer. Neste agosto de 2008, crente na criação de um
sistema mutante de comunicação, de um lado ligado numa rede autônoma de
agências de inFormações – jájá me explico – e de outro, sob o mesmo
guarda-chuva, em plena produção de uma série de classificados sociais em vídeo.
Além das Terapias Comunitárias, rodas práticas e vídeos.
Tudo
considerando o processo que vai da ideia à interação, passando pela preparação,
produção, gravação, edição, divulgação, veiculação, retorno. Considerando os
recursos que disponho ou tenho acesso. Tudo muito singelo.
Sou
uma peça de movimentos de pessoas com desejos comuns. Funciono a partir da
participação de quem deseja e toma iniciativa de contribuir com o que escolhe.
Tudo muito aparentemente confuso como qualquer movimento, onde equilíbrios se dão
de maneira dinâmica, em espiral, em ondas que vêm e vão, desaparecem e
renascem. Caos que antecede ordem que antecede caos.
Movimento
talvez semelhante ao que compreendo como tese, antítese, síntese. Sem metas
quantificadas, só objetivos difusos, uma vez que, se sei, talvez saiba um pouco
do que não sei, do que não desejo. Aspiro este bem-estar que volta e meia
sinto, indefinível como o gosto do pequi e como a sensação que me inclui no
todo. Assim, nestes momentos, quando desejo pra mim, desejo pra todos. Que não
são todos, é todo, é um, também eu.
Os
produtos carregam as intenções, são partes dos gestos. Parece confuso e é,
enquanto não se torna claro, o que depende de quem vê. Também assim, cada olhar
determina a realidade que lhe corresponde. Até onde agora enxergo, a aceitação de
mim como sou – com as diversidades dos meus instantes – pode ser caminho para a
aceitação do outro? Este outro que faz parte do todo do qual também participo.
Se me aceito, tendo a aceitar ao outro.
A
livre associação me leva à dica de Gentileza, o homem > Gentileza gera
Gentileza. Mas sou muito prático. Quando relaxo e me vêm ideias, se uma
ideia me toca, fica. Se desejo, raciocínio ao inverso. Relaciono o que é necessário
para realizar o que agora é desejo. Decupo em tarefas o que me leva à sua
realização. Abro colunas numa tabela. Além das tarefas, avento os tempos, os
custos, quem poderia se interessar por realizar uma e outra, anoto observações.
Dá mais certo quando trabalho partes do meu ego, já que lá mais fundo permanece
um orgulho silencioso pelo que contribuí.
Domingo
chuvoso, escolho agora entre ler Caetano Veloso – Verdade Tropical – e
me mover para rever Pedro, meu filho. Bom problema esta escolha, ambos me
surpreendem, confortam, alegram.
Pra ler no
banheiro
Somos um.
Que coisa boa, só ser,
ganhar o tempo por
prazer.
Ai, que
dificuldade d’eu ser eu mesmo diante do outro.
Se sinto, vivo.
Só vivo o que
percebo do que sinto.
Sinto,
percebo, vivo.
Mais
que penso, sinto. Logo, existo.
Que alegria, escolho boa companhia.
Luiz
Fernando Sarmento
Nenhum comentário:
Postar um comentário